Se há um problema na integração sensorial, este interfere diretamente no processo de aprendizagem o que acaba por causar dificuldades comportamentais com consequência no desempenho do seu filho/aluno na sala de aula. Por Margarida Sabino, Terapeuta Ocupacional (www.faleconnosco-saude.pt) ![]() O seu filho/aluno não gosta de ser tocado ou procura constantemente o toque? Corre demasiados riscos e passa a vida a ir contra objetos? Tapa os ouvidos, grita ou chora quando existe muito barulho? Só gosta de atividades com movimento? Não tolera atividades com movimento? Mostra pouca ou nenhuma reação a estímulos, incluindo a dor e extremo calor ou frio? Reage demasiado a estímulos? Chora ou fica incomodado com as etiquetas ou a textura da roupa? Não deixe de ler este artigo e se tiver dúvidas pode preencher o questionário abaixo que será analisado pela terapeuta ocupacional Margarida Sabino! A integração sensorial é um processo neurológico, através do qual o cérebro organiza as informações vindas do nosso corpo e do ambiente, de modo a que o nosso corpo tenha respostas eficientes ao ambiente. Os nossos sentidos dão-nos informação sobre as condições físicas do nosso corpo e do ambiente à nossa volta. Essas sensações dirigem-se ao cérebro e quando isso acontece de forma organizada, o cérebro usa essas sensações para formar perceções, comportamentos e aprendizagem. As nossas capacidades de processamento sensorial são usadas para a interacção social; o desenvolvimento de capacidades motoras e para a atenção e concentração. Quando uma criança tem dificuldades no processamento sensorial, isso irá afetar todas as áreas da sua vida. Essa dificuldade caracteriza-se pela incapacidade do cérebro processar informações eficientemente e é chamada de disfunção da integração sensorial (DIS). A disfunção acontece quando o processo recíproco de entrada ou a organização da resposta e a saída desta é interrompido ou não acontece corretamente. Correr, saltar, escrever, ler exige uma boa capacidade de integração sensorial. A criança com Disfunção na Integração sensorial pode apresentar vários sintomas tais como: não gosta de ser tocado ou procura constantemente o toque; corre demasiados riscos indo contra objetos por exemplo; tapa os ouvidos, grita ou chora quando existe muito barulho; só gosta de atividades com movimento ou não tolera; mostra pouca ou nenhuma reação a estímulos, incluindo a dor e extremo calor ou frio, ou reage demasiado; chora ou fica incomodado com as etiquetas ou a textura da roupa. Para que a criança com disfunção na integração sensorial consiga ter sucesso nas suas ocupações do seu dia-a-dia, é essencial uma avaliação o mais precocemente possível e a intervenção de um Terapeuta Ocupacional. O seu filho/aluno apresenta algum dos sintomas acima indicados? Quer saber se poderá ter problemas ao nível da integração sensorial? Participe no nosso rastreio! Preencha o questionário, AQUI!
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![]() 32 milhões de crianças em todo o mundo sofrem de perda auditiva De acordo com os últimos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a prevalência da perda auditiva infantil é de 1,7%, existindo 32 milhões de crianças e adolescentes em todo o mundo, com idade igual ou inferior a 15 anos que sofrem de algum grau de perda auditiva. São vários os fatores que podem causar dificuldades auditivas nestas idades. Muitas vezes, as crianças adquirem este problema à nascença, sendo-lhes diagnosticado um grau de perda auditiva significativo devido a complicações genéticas, mas em muitos dos casos este problema surge após sofrerem de algumas doenças infantis, como é o caso das otites, papeira, rubéola, sarampo ou meningite. “A perda auditiva infantil afeta não só a criança, mas também os pais que, por falta de informação, não sabem como agir quando confrontados com o problema. Para a criança, esta dificuldade interfere no desenvolvimento da fala, o que implica problemas futuros a nível social, emocional e cognitivo. Quanto mais cedo for detetada a surdez nas crianças, mais fácil será a avaliação das medidas adequadas para que se desenvolva com normalidade. Caso não seja diagnosticado atempadamente o problema de audição, devem ser encontradas soluções para que a criança tenha uma vida estável”, comenta Dulce Martins Paiva, diretora geral da GAES – Centros Auditivos. De forma a preservar a qualidade de vida das crianças, não tornando a perda auditiva um problema futuro, os médicos especialistas aconselham o uso de um aparelho auditivo a fim de melhorar a capacidade de audição. O uso deste dispositivo deverá ocorrer assim que a surdez for detetada, para evitar problemas de desenvolvimento e comunicação. Sobre a GAES – Centros Auditivos A GAES - Centros Auditivos, líder ibérica no setor da correção auditiva, foi fundada em 1949 em Espanha. A sua atividade cobre desde a fabricação de aparelhos auditivos na fábrica própria Microson, até à sua distribuição e adaptação nos centros auditivos GAES. Comercializa também todos os produtos relacionados com proteção auditiva e sistemas complementares de comunicação e é distribuidora exclusiva do implante osteointegrado PONTO, da marca dinamarquesa Oticon. Em Portugal está presente desde 1993, contando com 26 centros auditivos abertos ao público e mais de 150 centros de consulta em parceria com entidades relacionadas com a área da saúde. Atualmente, o Grupo GAES dispõe de uma rede superior a 500 centros auditivos, distribuídos por Portugal, Espanha, Argentina, Chile, Turquia e Equador. Dores de garganta e de ouvidos, "ranho" no nariz e outras afeções são muito comuns no outono-inverno. A frequência da escola vem reforçar o perigo de contágio de muitas delas. Como prevenir e tratar? José Saraiva, médico especialista em Otorrinolaringologia, responde às nossas questões ![]() P - Vamos entrar no Outono e com ele o regresso às aulas. Quais as doenças dos ouvidos, nariz e garganta mais prevalentes nesta altura do ano e o que fazer para as prevenir? R - A chegada do Outono e o regresso às aulas inicia um tempo em que as crianças ficam mais susceptíveis a um conjunto de infeções. Estamos a falar de otites, amigdalites, rinossinusites e adenoidites. Normalmente estas infeções começam no nariz, mais concretamente nos adenoides, tendo visibilidade no que mais vulgarmente se chama “as crianças ranhosas”. Quando esta infeção persiste, pode acontecer estender-se aos ouvidos, provocando otites, ou prolongar-se à garganta, causando amigdalites, ou em direção à laringe, traqueia e brônquios, originando laringo-traqueites ou bronquiolites. A prevenção destas situações nem sempre é possível, mas uma consulta médica no início deste período de risco pode permitir adequar, a cada criança, um conjunto de medidas preventivas que podem minimizar o aparecimento ou agravamento destas situações. P – O “ranho” no nariz que acompanha constantemente as crianças mais pequenas nessas alturas do ano, por vezes meses a fio, significa o quê e como se pode tratar? R – O muco nasal a que vulgarmente chamamos “ranho” faz parte do funcionamento normal do nariz ajudando na humidificação e na retenção de partículas no ar inalado. Quando as fossas nasais inflamam, o nariz produz mais muco do que o habitual e há uma alteração na normal drenagem do muco para a garganta. Uma vez que este muco é um excelente meio de cultura para bactérias e vírus, quando o muco sai pelo nariz pode contribuir para a transmissão de infeções, sendo que o modo de transmissão mais importante é através das nossas mãos. Assoar regularmente e lavar as fossas nasais com soro fisiológico, nas crianças que ainda não sabem assoar-se, são procedimentos importantes, não esquecendo que o lavar bem as mãos depois de se assoar é a forma mais eficaz de prevenir a transmissão destas infeções. P – Que sintomas a nivel do nariz, garganta e ouvidos deverão alertar ou exigir uma ida ao médico urgente? R – A febre é um sinal de alerta muito importante nas crianças e a sua persistência para além das 48 a 72 horas deve justificar a ida a uma consulta médica na procura de tratar a causa. Também a existência de dor nos deve alertar, pois pode significar um foco de infeção. Podemos evidenciar a situação das amigdalites em que a dpr de garganta pode provocar dificuldades de alimentação e o caso das otites, em que a dor é muitas vezes intolerável e só alivia com tratamento adequado P – Há doenças que se não forem tratadas adequadamente poderão tornar-se crónicas? R – Muitas das doenças que afetam as crianças podem evoluir para a cronicidade, se não são tratadas correta e atempadamente. O exemplo desta afirmação é a otite serosa, situação frequente e a principal causa de diminuição de audição na criança. Como normalmente não causa dores pode passar despercebida por longos períodos de tempo e complicar-se com alterações graves e permanentes da membrana timpânica, podendo causar problemas ao desenvolvimento da criança. Por estas razões, a otite serosa diagnosticada implica um tratamento médico ou cirúrgico adequado em função da evolução da situação clínica. P – Que significam as amígdalas grandes? São motivo para cirurgia? R – As amígdalas grandes não significam, por si só, doença. No entanto, o seu tamanho acima do normal pode ter consequências, quer a nível de dificuldades na alimentação da criança, quer a nível da respiração, levando ao colapso momentâneo e repetitivo da via aérea superior durante o sono, causando o ressonar e eventuais paragens respiratórias, pelo que o tamanho das amígdalas pode merecer cuidado médico. Estas situações devem ser avaliadas caso a caso pelo médico otorrinolaringologista e podem justificar tratamento cirúrgico. P – A cirurgia da ablação das amigdalas e adenóides continua a praticar-se com a mesma frequência de antigamente? Em que casos poderá ser imprescindivel? R – A indicação de cirurgia das amígdalas coloca-se por problemas infecciosos ou por problemas de dimensões exageradas. Quanto aos problemas infecciosos a indicação cirúrgica pode colocar-se nas crianças que têm amigdalites de repetição e que não melhoram com vários tratamentos médicos ou ainda na sequência de um abcesso peri-amigdalino, situação pouco frequente em crianças. Quanto aos problemas devido ao tamanho das amígdalas, a indicação cirúrgica justifica-se quando a hipertrofia causa alterações da respiração noturna, como o sindroma de apneia obstrutiva do sono. Quanto à cirurgia de ablação dos adenóides, e uma vez que este tecido linfático está muitas vezes no centro de quadros infecciosos que tendem a evoluir para a cronicidade, sempre que não for possível controlar com medicamentos, a remoção cirúrgica é muitas vezes a solução definitiva. Cada caso deve ser avaliado pelo médico que acompanha regularmente a criança por forma a tomar a melhor decisão. P – Se um médico quiser operar uma criança deverá ouvir-se uma segunda opinião? R – A questão de ter uma segunda opinião é hoje em dia uma prática frequente nas mais diversas situações. Naturalmente que os pais das crianças devem sentir-se confortáveis e confiantes com a evolução do estado de saúde do seu filho e com as decisões médicas que forem necessárias tomar para resolver qualquer doença. Para isso é também principalmente importante a relação de confiança que se estabelece ao longo do tempo entre o médico e os pais da criança, pilar indispensável em qualquer relação terapêutica. P – Quais as possiveis causas das aftas? Como tratá-las? R – As aftas podem ter muitas causas, nomeadamente podem resultar de défices imunológicos ou nutricionais, má higiene oral ou de um traumatismo local. Normalmente existe uma predisposição genética para as aftas. Em geral as aftas curam-se naturalmente em uma semana e a utilização de analgésicos ou de pomadas locais com corticóides permite controlar a dor, fator muito perturbador destas situações. P – Quais as diferenças numa doença dos ouvidos, nariz ou garganta de uma causa viral ou bacteriana? Há uma tendência para se receitar antibióticos em excesso, como prevenção quando a criança apresenta apenas um quadro viral? Quais os perigos? R – Nas crianças, as doenças infecciosas do território ORL estão muitas vezes associadas à presença de vírus ou bactérias ou de ambos, uma vez que uma infeção viral pode facilitar o aparecimento de uma bacteriana. Para além dos aspetos específicos de cada situação clínica, o facto de uma infeção persistir, com febre e outros sintomas, por mais de dois ou três dias é um indicador de que podemos estar perante uma infeção provocada por uma bactéria. Por esta razão é que muitas vezes se dá a indicação de fazer apenas tratamento sintomático, com analgésicos e/ou antipiréticos, nos primeiros dias e só equacionar a hipótese de antibioterapia se os sintomas persistirem. Este procedimento de uso mais racional de antibióticos, contribui para que não se desenvolvam tantas resistências aos antibióticos, o que nos permite guardar uma arma fundamental para o tratamento de muitas das nossas doenças ao longo da vida. P – O que são os rastreios, para que servem e quando devem ser efectuados? R – Os rastreios, de uma forma geral, permitem identificar uma doença não conhecida anteriormente. O rastreio auditivo neo-natal destina-se a fazer a deteção precoce da surdez no recém nascido. A surdez congénita, isto é quando o recém-nascido já nasce com a surdez, tem uma incidência relativamente elevada, afetando um a dois bebés por cada 1000 nascimentos em berçário normal, números que aumentam quando estamos em presença de algum fator de risco. O objetivo é de que seja possível detetar todos os casos de surdez nos primeiros três meses de vida, por forma a poder-se iniciar a reabilitação da criança antes dos seis meses, facilitando assim a aquisição de uma boa linguagem falada. Mais tarde, por volta dos cinco anos, antes do início da ensino básico é habitual fazer-se um rastreio auditivo, nomeadamente para despite da otite serosa, causa mais frequente de surdez na criança, que quando não tratada pode perturbar todo o desenvolvimento da criança. ![]() José Saraiva, otorrinolaringologista e um dos autores do livro “ABC dos Ouvidos, Nariz e Garganta - Um guia para Pais”, editado pela Lidel. Saber mais sobre o livro AQUI. Em Portugal, cerca de 80 mil crianças são enuréticas, o que significa que numa turma do ensino primário cerca de cinco sofrem de episódios de chichi na cama (enurese). Em tempo de férias, com as dormidas em casas de amigos, as deslocações, acampamentos e colónias de férias, este problema condiciona ainda mais a criança e a família. ![]() A enurese noturna, que consiste em frequentes episódios involuntários de chichi na cama durante a noite, é um fenómeno mais frequente do que se pensa e que afeta as crianças também do ponto de vista emocional. Estudos referem que a enurese noturna pode provocar baixa auto-estima na criança e é muitas vezes fator de ansiedade no seio familiar. Existem perturbações psicológicas associadas a esta condição, que desaparecem assim que a doença é tratada, como a falta de concentração diurna e irritabilidade. As crianças descrevem-se como irritados, rabugentos, envergonhados e confusos, motivo de preocupação tanto para pais como educadores/professores. Nas férias, são muitas as atividades que podem suscitar a necessidade de dormir fora de casa: um convite de um amigo, uma excursão da escola, a visita a um campo de férias ou a familiares, por exemplo. A criança enurética sente-se condicionada a participar nestas atividades. Nesta época especial, a melhor abordagem e a decisão sobre o tratamento do problema, ganha ainda especial relevância. PAIS: O QUE FAZER? A incidência de enurese está fortemente relacionada com a idade da criança. Um estudo epidemiológico recente revela que as perturbações psiquiátricas associadas a esta disfunção desaparecem assim que a doença é tratada. São muitas as atividades que podem suscitar a necessidade de dormir fora de casa: um convite de um amigo, uma excursão da escola, a visita a um campo de férias ou a familiares, por exemplo. A criança enurética evita todas estas atividades para não ser descoberta e cabe aos pais ajudá-las a encontrar o melhor tratamento e a recuperar a autoestima. Ajude o seu filho a ultrapassar a sua enurese noturna e comece por marcar uma consulta especializada! A maioria dos pais ainda não sabe lidar com esta situação. Passam por noites mal dormidas, crises de choro, vergonha e constantes mudanças de lençóis e colchões molhados. Tente não perder a paciência ou dramatizar demasiado esta situação. A culpa não é da criança nem dos pais. Ficar zangado ou castigar a criança apenas vai agravar a situação. Deixamos mais algumas dicas que podem ajudar os pais a lidar com esta situação:
Para download: Diário das noites secas Mais informação: www.chichinacama.pt | www.pensarecrescer.com Muito conhecida pelo seu efeito calmante, a chupeta deverá acompanhar o bebé até aos dois anos, não sendo recomendado o seu uso constante. Na altura da difícil separação, os pais devem ser firmes e resistir a birras. ![]() Em tenra idade, a boca assume muito mais do que uma função alimentar. É através do reflexo de sucção que o bebé vai explorando e descobrindo o mundo. Aliás, a mama da mãe, o biberão, assim como objetos vários e, claro, a chupeta, são uma constante na sua vida. Até aos três meses, o recém-nascido não consegue segurar convenientemente nas coisas que o rodeiam, pelo que o seio da sua progenitora, além de o alimentar, confere-lhe sensações e estímulos prazerosos. Ao mesmo tempo que mama começa também a ter a noção da textura, da forma e da temperatura. Mais tarde, quando já consegue agarrar nos objectos, tudo (ou quase tudo) que alcança tem como destino a sua boca. «A sensibilidade do bebé centraliza-se na boca durante os primeiros meses e anos de vida, pois, é o principal elo com o mundo exterior. É genético e quase instintivo quando o recém-nascido procura o peito materno imediatamente nas primeiras horas após o nascimento para se alimentar», refere Libério Ribeiro, pediatra imunoalergologista. O uso da chupeta surge numa sequência lógica, já que chuchar é uma atividade reflexa. O bebé apenas é amamentado quando está com fome, pelo que, quando não está a mamar, procura o prazer relacionado com o reflexo de sucção, chuchando nos próprios dedos ou recorrendo à chupeta. Relativamente a este utensílio, Libério Ribeiro comenta que «acaba por ser uma continuidade da unidade mãe/filho, que é estabelecida na altura da amamentação». Este pediatra salienta também o efeito de relaxamento: «Se a criança estiver muito excitada e ansiosa, a chupeta poderá ser um óptimo recurso para se acalmar ou deixar de chorar, caso o choro não tenha uma causa fisiológica associada, como as cólicas ou a otite.» Por seu turno, o uso deverá ser regrado, sob pena de surgirem alguns inconvenientes. «O próprio ato de estar sempre a sugar em seco leva a que haja maior produção de saliva. O bebé engole mais ar e saliva, o que poderá originar cólicas abdominais, em particular nos primeiros meses de vida. O bebé acabará por mamar quantidades menores de leite relativamente às que mamaria, porque o estômago é pequeno e uma grande parte está ocupada por ar deglutido», alerta o pediatra. Chuchar só até aos dois anos Contudo, o uso da chupeta não é indispensável. Muitas crianças não lhe «passam cartão», mas trata-se de uma percentagem muito diminuta em relação à generalidade. Também poderá haver uma recusa por parte do bebé apenas durante os primeiros dois meses. Grave é quando se manifesta uma certa dependência... Os especialistas recomendam o uso da chupeta até aos dois anos (no máximo três), mas há crianças que nem querem imaginar como será a vida sem a sua «melhor amiga». «Quanto mais tarde a criança deixar de usar chupeta maior é a probabilidade de sofrer alterações ao nível da cavidade bocal, nomeadamente, ovalização do palato e protusão da arcada dentária ou dos maxilares. Também pode influenciar negativamente a mastigação ou conduzir a alterações da boa circulação do ar», avisa Libério Ribeiro, opinando que, «geralmente, quanto mais tarde se tenta retirar a chupeta mais difícil é de o conseguir». Se surgirem as famosas birras, os pais deverão saber lidar com a situação, sem caírem na tentação de ceder nem que seja somente uma única vez. «Cada vez mais as crianças são os imperadores da casa. Os pais fazem-lhes todas as vontades, mas é necessário impor limites, incluindo o uso da chupeta», comenta o pediatra, exemplificando: «Depois de se retirar a chupeta, se um dia os pais a derem à criança por esta fazer birra, na próxima vez, ela sabe que se repetir acabará por obtê-la. A cedência, perante qualquer situação após birra, é deseducativa. Há necessidade de manter sempre uma atitude constante, tentando fazer compreender a criança da razão da mesma. As atitudes que são tomadas à medida do “querer” exclusivo dos filhos terão repercussões negativas no seu futuro, com possibilidades de grandes dissabores para os pais.» Os mais pequenos não devem ditar a separação da chupeta, mas o mesmo não se pode afirmar relativamente à escolha daquela. Para uns o que importa é ter uma chucha, mas outros há mais exigentes que não se satisfazem com qualquer modelo. Existem no mercado variados formatos e tamanhos, capazes de satisfazer os diferentes gostos. E se o bebé recusar uma determinada chupeta, os pais devem ir tentando dar-lhe outras até haver aceitação. A saber – Deve-se evitar os modelos de silicone quando surge a dentição; – Se surgirem alterações como edema e/ou comichão nos lábios, nas bochechas, na língua, provavelmente deu-se uma sensibilização ao látex (as manifestações alérgicas a este material são pouco frequentes); – Se estiver deteriorada, deve ser substituída de imediato. Texto: Jasfarma A decisão de amamentar é individual, apesar de ser sujeita a influências pessoais ![]() A mulher que não queira ou não possa amamentar não deve culpabilizar-se ou ser culpabilizada, porque, acima de tudo, deseja-se o bem-estar (físico e psicológico) e a harmonia materno-fetal. A mãe deve gozar ao máximo o seu bebé. Deve aconchegá-lo, acarinhá-lo, dar-lhe colo e brincar com ele, estabelecendo, desta forma, um forte e sólido vínculo. O colostro surge a partir do 5.º mês de gestação e permanece até ao 10.º dia após o parto, altura em que se mistura com o leite maduro. Tem aspeto aguado, mas fornece ao recém-nascido todos os nutrientes de que necessita nessa etapa da vida. Tem maior quantidade de anticorpos, o que faz com que o bebé esteja mais protegido contra bactérias e vírus. É menos calórico, mas mais proteico, o que permite que o bebé fique satisfeito, apesar de comer pequenas quantidades várias vezes ao dia. É laxativo, ajudando o bebé a eliminar o mecónio (primeiras fezes do bebé verde escuras e espessas). O leite maduro inicia-se entre o 2.º e o 4.º dia e está misturado com o colostro. Contém todos os nutrientes necessários ao crescimento e para manter a saúde do bebé (dentes e ossos fortes). As gorduras do leite maduro são qualitativamente diferentes das do leite de vaca, diferenças essas que podem fazer com que o leite de vaca possa causar diarreia quando ingerido por recém-nascidos prematuros ou doentes. O leite materno evolui, adaptando-se às necessidades do bebé. Vantagens do aleitamento materno Saúde da criança – O leite materno tem anticorpos, pelo que quanto maior for a duração do aleitamento materno maior será o grau de proteção do bebé. O aleitamento materno exclusivo nos primeiros cinco meses de vida diminui a prevalência de doenças crónicas na infância (asma, obesidade, diabetes...) Benefícios para a mãe: • Diminui a hemorragia pós-parto. • Permite a recuperação uterina mais rápida. • Diminui o risco de cancro de mama e ovários. • Diminui o risco de osteoporose na pós-menopausa. • Promove a ligação mãe-bebé. Vantagem económica – Mais barato, mais prático, sempre disponível e menor número de infeções → menor despesa com a saúde. Contra-indicação do leite materno Desordens médicas (bebés com galactossemia, mãe com tuberculose ativa e não medicada). Vírus (mães com VIH e com lesões ativas de herpes no peito). Medicação (quimioterapia, radioterapia, antimetabólicos, lítio, atropina, cloronfenicol, ciclosporinas...) O uso prolongado de medicação sedativa pode causar sedação e síndrome de abstinência no bebé. Os médicos devem ter conhecimento de qualquer medicação que a mãe esteja a tomar, de forma a aconselhá-la, sobre o seu uso. Condições que não constituem contra-indicação ao aleitamento materno • Mãe com hepatite B – bebé pode ser vacinado (VHB) e deve fazer imunoglobulina VHB, nas primeiras horas de vida. • Hepatite C – apresenta risco potencial, deve ser ponderado risco/benefício. • CMV (citomegalovírus). • Mãe fumadora. • Cancro de mama – tem de parar de amamentar quando inicia a quimioterapia. • Redução de peito – risco de lactação insuficiente. • Mamilos invertidos não devem impedir aleitamento materno. • Mastite aguda – as mães devem dar de mamar com mais frequência. Como e quando amamentar A frequência das mamadas é imposta pelo bebé, no entanto, nos primeiros meses de vida, este deve mamar de duas em duas horas, podendo fazer uma pausa maior durante a noite, até quatro horas. É bom lembrar que quanto mais mamadas o bebé fizer maior será a produção de leite materno. Não existem receitas quanto à duração da mamada, cada bebé tem o seu ritmo e força de sucção, assim como as necessidades nutricionais são diferentes para cada bebé. Existem bebés que mamam 10 minutos, outros 20, e ficam satisfeitos. A mãe deve observar se a sucção do seu filho é eficaz (não fazer da mama chucha), se esvazia a mama (a mama fica mole e mais leve após a mamada). O bebé deve esvaziar completamente a primeira mama, só depois deve passar para a outra. Uma boa pega é essencial (o bebé deve «abocanhar» a auréola e o mamilo). A mãe deve manter um posicionamento correto, o bebé vai à mama e não vice-versa, um ambiente calmo e evitar o stress. Durante o intervalo da mamada deve colocar o bebé sempre a arrotar (o arroto favorece a saída de ar que o bebé ingeriu a mais, libertando espaço no estômago para caber mais leite). Alguns sinais que nos ajudam a perceber a eficácia do aleitamento materno: • Boa evolução ponderal. • Várias dejeções por dia (fezes moles com perda de líquido). • Bebé com boa vitalidade. É de salientar que todos os bebés durante os primeiros dias de vida perdem peso, ao fim de uma semana inicia-se o processo inverso (aumento ponderal). O ato de amamentar promove uma ligação muito forte entre mãe-filho, este sentimento/interação é denominado por vinculação afectiva. Texto: Neusa Santos e Nádia Elawar (enfermeiras)/Jasfarma Depois de um outono e de um inverno muito chuvosos e de uma primavera ainda húmida, as casas acumulam mofos e outros resíduos de humidade, prejudiciais sobretudo aos alérgicos ou a pessoas com problemas respiratórios. Saiba o que fazer para resolver a situação mais facilmente... ![]() Aproveite o tempo quente para uma limpeza completa… Na primavera e verão gostamos de dar uma nova vida às nossas casas. E uma das coisas que mais nos aborrecem é encontrar manchas de mofo nas paredes e superfícies. Porém, o perigo não é só para a decoração, mas sobretudo para a nossa saúde… e dos nossos filhos! Numa altura em que aumentam as alergias entre os mais novos, a Airfree - Produtos Eletrónicos, Lda. (empresa que opera no setor do tratamento do ar a nível mundial), alerta para a necessidade de reduzir a exposição de crianças pequenas à presença de mofos e outros fungos, alérgenos de ácaros, bactérias e vírus no ar, de forma a prevenir o desenvolvimento, nos anos seguintes, de múltiplas alergias, bem como evitar a contaminação cruzada em infantários e escolas. E, porque prevenir é melhor que tratar, é importante garantir que os pequeninos respiram um ar mais saudável, dentro dos padrões recomendados. Que é, afinal, o mofo? Mofos, também chamados bolores, são espécies de fungos que se desenvolvem na matéria orgânica e a decompõem. Dado que podem causar doenças respiratórias é necessário combatê-los nos ambientes internos, o que não é fácil, pois quando os podemos visualizar nas superfícies é porque já se reproduziram (por esporos invisíveis a olho nu) aos milhares! Nessa altura deixam-se ver, em manchas esbranquiçadas, esverdeadas, azuladas, mais ou menos escuras…Ou sejam, denunciam a sua presença pela cor e, pior, pelo cheiro! Adeptos da humidade e calor, instalam-se geralmente nas nossas casas de banho, cozinhas e sistemas de climatização, bem como em redutos mais escuros e pouco arejados, como armários, roupas, gavetas, etc. Provoca doenças? Infelizmente sim, dizem especialistas, a exemplo da médica Cristiane Minussi, especializada em fungos pela Universidade de Harvard e diretora da divisão de biologia da Airfree. É que ao contrário do que se imagina, mofo não são “apenas” fungos que desfeiam as paredes e têm um odor desagradável… Além do seu aspeto e cheiro que se faz sentir em certas divisões da casa e armários, os efeitos nocivos para a saúde são tantos que as doenças fúngicas estão consideradas de alto risco. O alerta está a ser dado a nível mundial, na sequência de estudos que comprovam o grau de perigosidade do mofo para a saúde das crianças, nomeadamente crises de asma, alergias respiratórias, infeções, efeitos tóxicos e, no caso dos adultos, também depressões! Tudo isto agravado com e elevado custo medicamentoso e da dificuldade de diagnóstico… Na guerra aos bolores, que armas usar? Prevenção. Determinação. Limpeza! - Ajude a reduzir a humidade da sua casa abrindo as janelas durante cerca de 30 minutos diários; - Evite a entrada da água da chuva e conserte possíveis infiltrações e roturas, se possível num período de 24 a 48 horas.; - Faça a manutenção do sistema de ar condicionado com frequência; - Realize a limpeza periódica de locais que acumulam humidade, tais como chuveiros, torneiras e pisos molhados; - Evite carpetes e plantas no interior da residência. Truques de limpeza - Utilize um pano ou esponja com a solução de um copo de cloro diluído num litro de água. Esfregue o local com essa solução e depois limpe-o novamente com água e detergente. Deixe secar. Tome nota! Nunca misture produtos à base de cloro com produtos com amoníaco, pois o resultado dessa mistura é extremamente tóxico. - Quando possível, após a limpeza deixe os objetos expostos ao sol. É importante que fiquem secos, pois se guardados húmidos estarão mais suscetíveis à contaminação. Materiais porosos como madeira, tecidos, almofadas e colchões têm facilidade em reter água e permitem que a contaminação se instale profundamente, tornando difícil a sua limpeza. Caso os objetos porosos tenham sido demasiado contaminados, o ideal seria descartá-los. Cuidados a ter em conta! Utilize luvas, máscaras, avental e mantenha o ambiente arejado durante a limpeza de locais contaminados por fungos. Mantenha as crianças longe desta atividade. Purifique o ar de sua casa Para controlar o excesso da presença de microrganismos na casa, pode recorrer ao purificador de ar. Ao reduzir drasticamente a quantidade de esporos, mofos, alérgenos de ácaros, fungos, bactérias e vírus do ar, os esterilizadores do ar previnem e aliviam crises de asma e alergias, que nesta altura do ano são potenciadas pelas constipações e gripes. Asmáticos e alérgicos veem assim melhorada a sua qualidade de vida, com noites reparadoras de sono, redução de crises e… enormes poupanças em gastos para a saúde! Nota. A Airfree, especialista em purificação do ar, tem agora um blogue onde apresenta, com um toque de humor, os “micro-inimigos” que nos rodeiam, contando-lhe o que fazem na sua casa e dizendo-lhe como pode minimizar a sua ação nociva: http://blog.airfree.pt. A obesidade é, atualmente, um dos problemas de saúde que mais afeta a população e cada vez mais cedo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2010 estimou-se que globalmente existiam mais de 42 milhões de crianças com menos de cinco anos com excesso de peso. ![]() O excesso de peso e a obesidade são definidos pela OMS como sendo uma acumulação excessiva ou anormal de massa adiposa que representa um risco para a saúde. A obesidade infantil afeta cada vez mais crianças em Portugal e é já encarada como um problema de saúde pública, estando associada a um aumento da probabilidade de desenvolver obesidade na idade adulta levando a perturbações no sono, problemas ortopédicos, distúrbios gastrintestinais e, a longo prazo, doença cardiovascular e diabetes. Em Portugal, ainda não existem dados concretos sobre a prevalência de obesidade nas crianças entre os dois e os cinco anos de idade mas no entanto os profissionais de saúde estimam que mais de metade das crianças com menos de cinco anos tem excesso de peso, sendo que urge atuar, dado que este número terá a tendência para aumentar. É na infância que se inicia o desenvolvimento de hábitos alimentares, que começam a tomar forma a partir do um a dois anos de idade. Estes hábitos iniciais terão uma influência determinante nas escolhas alimentares realizadas ao longo de todo o ciclo de vida. A partir de um ano as mães são as principais responsáveis pela nutrição da criança, pelo que devem tomar as decisões certas para garantir um futuro saudável para os seus filhos. Uma criança não é um mini-adulto A obesidade apresenta uma etiologia multifatorial, sendo que dois dos fatores mais preponderantes são a realização de uma alimentação desequilibrada e níveis de atividade física reduzidos. Nas crianças, desde cedo que temos de olhar para os factores de risco. As práticas inadequadas na amamentação (na sua duração e exclusividade) ou na diversificação alimentar têm um impacto significativo no seu estado nutricional até aos três anos. O desmame precoce com introdução da alimentação diversificada antes dos 4-5 meses, têm um impacto significativo no estado nutricional até aos três anos. A partir de um ano há um aumento considerável da actividade física e uma desaceleração da velocidade de crescimento comparativamente com os primeiros 12 meses de vida, o que leva a que as necessidades nutricionais nesta idade sejam bem diferentes das crianças mais velhas e das do adulto. Entre os um e os três anos as crianças necessitam assim de elevadas necessidades por cada quilo de peso corporal para vários nutrientes, nomeadamente vitaminas e minerais, pelo que uma alimentação equilibrada é de suma importância. Em Portugal, o aleitamento materno exclusivo ocorre geralmente até aos três/quatro meses de idade, um período inferior aos seis meses recomendados pela OMS. Também a diversificação alimentar, que deveria ser iniciada entre os quatro e os seis meses de idade, é frequentemente iniciada incorretamente e de forma precoce, a partir dos três a quatro meses, o que leva a um desmame precoce, contribuindo para riscos nutricionais futuros. A inserção das crianças na dieta familiar a partir dos 11-12 meses torna-se muitas vezes inadequada, quer pelo excesso de proteínas e açúcares quer pela inadequada qualidade nutricional de alguns alimentos ingeridos. As nossas crianças não devem ser vistas como mini-adultos e um dos principais erros na alimentação dos mais pequenos é a quantidade/qualidade de alimentos ingerida. Culturalmente, persiste a noção incorrecta de que a criança “gordinha” é mais saudável, o que, associado à falta de conhecimento sobre a alimentação infantil, leva os pais a oferecer quantidades excessivas de alimentos muito calóricos à criança. Quando as mães confecionam as refeições para os seus filhos, muitas vezes deparam-se com dúvidas quanto às quantidades de alimentos a introduzir nas suas receitas. O consumo de produtos destinados à alimentação infantil pode ajudá-las nesta tarefa oferecendo um equilíbrio adequado de nutrientes por refeição, favorecendo uma alimentação adequada a cada idade da criança. Por outro lado, a qualidade das refeições e dos alimentos ingeridos tem tendência a piorar. A realização de um pequeno-almoço saudável e equilibrado é cada vez mais descurada. Durante o dia verifica-se um consumo excessivo de snacks, cereais com elevado teor de açúcar, doces e refrigerantes e que, em algumas situações, começam a ser dados mesmo antes dos 12 meses de idade. As alterações na dieta Mediterrânica que se têm verificado, com as crianças a consumirem cada vez mais fast-food, batatas fritas, bolos, doces e sumos com uma frequência praticamente diária, contribuem para a ingestão excessiva de lípidos saturados e açúcares simples, que está associado ao aparecimento de obesidade, bem como outras comorbidades. O agravamento com a crise Nas classes sociais mais elevadas, o problema reside principalmente no consumo elevado daquele tipo de alimentos, que frequentemente não é controlada pelos pais. Nas classes sociais mais baixas, especialmente nos centros urbanos, o consumo de alimentos nutricionalmente desequilibrados deve-se principalmente ao facto de estes terem um custo mais baixo. Verifica-se assim que a crise económica que se vive atualmente em Portugal poderá contribuir igualmente para o agravamento do estado nutricional das crianças. O menor poder económico está a limitar a realização de uma alimentação nutricionalmente equilibrada. Os leites de fórmula infantis são mais dispendiosos do que o leite de vaca, que começa a ser dado ao bebé precocemente, a partir dos oito a nove meses. O leite de vaca (pasteurizado e UHT) tem uma composição nutricional inadequada para esta idade, com um baixo teor de ferro e um elevado teor proteico, e nunca deve ser utilizado, pelo menos, no primeiro ano de vida. Segundo a Sociedade Portuguesa de Pediatria, é aconselhável a utilização de “leites infantis” desde os 12 até aos 24 a 36 meses de vida, dada a baixa qualidade nutricional do leite de vaca como foi já referido. Uma alimentação equilibrada e diversificada nesta faixa etária, tem levado nos últimos anos a um interesse crescente a nível mundial, e particularmente a nível europeu, não só pelo reconhecimento da sua importância na saúde futura, mas sobretudo devido ao razoável desconhecimento da realidade nutricional das crianças entre os um e os três anos, e possíveis situações de carências e excessos. Portugal não foge a este padrão, uma vez que é totalmente desconhecido quer o estado nutricional, quer os hábitos alimentares das nossas crianças deste grupo etário. Torna-se assim fundamental este conhecimento dos hábitos alimentares e do estado nutricional destas crianças, de modo a detetarmos a existência de carências ou excessos nutricionais, para que se elaborem recomendações e propostas de intervenção em saúde pública. A mudança de comportamentos, e a promoção de hábitos alimentares saudáveis adaptados às necessidades das crianças nestas idades deverá ser conseguido principalmente através de um esforço contínuo na educação do padrão familiar e na discussão com os profissionais de Saúde. Imagem: Faboluneda/Dreamstime Stock Photos & Stock Free Images ![]() *Carla Rêgo, pediatra do Hospital Cuf Porto e coordenadora da Equipa Multidisciplinar para o Tratamento da Obesidade Infantil no Centro da Criança e do Adolescente do Hospital Cuf Porto. Fundadora e Presidente do Grupo Nacional de Estudo e Investigação em Obesidade Pediátrica (GNEIOP) e Coordenadora do EPACI Portugal 2012 (Estudo do Padrão de Alimentação e Crescimento Infantil). Não existem estudos que mostrem a prevalência exata em Portugal mas assumindo os estudos internacionais estima-se que cerca de 10 a 15% das crianças ressonem. Um problema que pode ter consequências futuras e que se podem evitar. ![]() Imagem: CPeroni/Stock.xchng 15 de março, Dia Mundial do Sono O ressonar corresponde ao ruído produzido pela vibração dos tecidos moles das vias aéreas superiores e surge quando existe uma dificuldade na passagem do ar provocada por uma obstrução. Durante o dia, a ação dos músculos em torno das vias aéreas superiores contraria esta obstrução e a criança pode respirar normalmente. Quando estamos a dormir, estes músculos, tal como os outros do nosso corpo, têm menos tónus (ficam “adormecidos”) e a dificuldade na passagem do ar surge. A principal causa de obstrução das vias aéreas superiores nas crianças é o aumento das amígdalas e das adenóides, que atingem o seu maior tamanho entre os três e os 10 anos. Outros fatores podem causar ou contribuir para o ressonar. Nas crianças com alergias, a rinite alérgica ao causar obstrução nasal levando também à dificuldade na passagem do ar; a obesidade, pela deposição de tecido adiposo em torno das vias aéreas superiores pode também causar obstrução e é uma importante causa para o ressonar em crianças mais velhas e adolescentes. Outras situações em que haja estreitamento das vias áereas (malformações cranio-faciais, desvio do septo nasal, problemas dentários) ou fraqueza muscular podem também cursar com ressonar. Consequências a ter em conta Este problema é muitas vezes desvalorizado pelos pais, não só porque pode haver outros “ressonadores” na família, mas também porque não conhecem as suas consequências. O ressonar pode ser sinal de uma perturbação respiratória do sono que tem vários graus de gravidade. A situação mais grave é o síndrome de apneia obstrutiva do sono. Esta situação ocorre em cerca de 1/5 das crianças que ressona e caracteriza-se pelo facto de, durante o sono, haver uma obstrução parcial ou total das vias áereas superiores que leva a diminuição do oxigénio e acumulação de dióxido de carbono no organismo. Estas alterações gasosas são particularmente importantes na criança já que podem condicionar o crescimento e desenvolvimento do cerébro (este crescimento ocorre fundamentalmente nos primeiros anos de vida e quando as crianças estão a dormir, para além disso necessita de uma normal oxigenação). Para vencer a obstrução das vias áereas superiores, as crianças têm microdespertares, isto é episódios de superficialização do sono em que os músculos “acordam” e contrariam a obstrução. Estes microdespertares podem ocorrer durante toda a noite levando à fragmentação do sono que contribui para que, durante o dia as crianças estejam sonolentas ou, se mais pequenas, hiperativas. Para além disso, o síndrome de apneia obstrutiva do sono pode associar-se a longo prazo a consequências cardiovasculares e metabólicas com repercussão em idade adulta. Quando uma criança ressona é fundamental estar alerta para outros sinais ou sintomas que podem ser indicadores de perturbação respiratória do sono: - Durante o sono: pausas na respiração (apneias), respiração ruidosa ou predominantemente pela boca, noção de esforço respiratório, sono agitado, transpiração excessiva, sono em posições estranhas, urinar na cama, pesadelos, sonambulismo e/ou acordares frequentes. - Durante o dia: dificuldade em acordar, queixas de dor de cabeça ou falta de apetite pela manhã; sonolência excessiva (necessidade de sesta em idades em que já não é habitual, adormecer na escola); alterações de comportamento como irritabilidade, hiperatividade ou agressividade e dificuldades de aprendizagem. Como tratar A presença de ressonar numa criança deve ser reportada ao médico que a segue habitualmente e este deve procurar os tais sinais e sintomas indicadores de que pode haver uma perturbação respiratória do sono. Perante uma criança com uma clínica típica e aumento das amígdalas e das adenóides o diagnóstico pode ser estabelecido e a criança deve ser encaminhada para um otorrinolaringologista. Nos outros casos, a criança deve ser orientada para uma consulta de pediatria em que a situação será avaliada e se for necessário referenciada para especialistas em patologia do sono pediátrica. Em casos duvidosos ou em crianças que tenham outros problemas de saúde pode ser necessário fazer um estudo poligráfico do sono. Este exame é realizado num laboratório do sono, durante uma noite e consiste na avaliação de diferentes parâmetros (atividade cerebral, atividade muscular, atividade cardíaca, respiração, níveis de oxigénio e dióxido de carbono) durante o sono da criança. Também é possível usar outros exames mais facilmente disponíveis como a oximetria noturna - exame realizado em casa e que consiste na avaliação do nível de oxigenação do sangue durante a noite através da aplicação de uma mola com um sensor num dedo. Na maior parte dos casos o tratamento passa por cirurgia para remoção das amígdalas e das adenóides. Em casos ligeiros, os corticóides nasais e anti-histamínicos podem ser suficientes ou úteis antes da cirurgia. Pode ser necessário o tratamento de outros factores que causem ou contribuam para a obstrução como a obesidade, a rinite alérgica ou determinados problemas dentários. Em situações muito particulares recorre-se à ventilação não invasiva, em que durante a noite as crianças respiram com o auxílio de um ventilador que lhes fornece ar a uma determinada pressão para manter as vias áreas superiores abertas, através de uma máscara nasal ou naso-bucal. É fundamental que as crianças sejam reavaliadas depois do tratamento, já que ele pode não resolver completamente o problema de saúde. Tratar a rinite alérgica e prevenir a obesidade são importantes para que não haja recorrência dos sintomas. Para além disso, os estudos recentes apontam para a importância do facto de algumas das crianças tratadas manterem uma respiração essencialmente pela boca e não pelo nariz. Esta respiração de predomínio bucal pode levar a alterações no crescimento e desenvolvimento do rosto e dos dentes com eventual reaparecimento do ressonar e das suas consequências. Conselhos práticos para uma boa higiene de sono Uma boa higiene do sono de sono é fundamental para qualquer criança. Tal como é importante ensinar as crianças a comer de forma saudável, é também fundamental ensiná-las a dormir bem. O papel dos pais aqui é determinante. Os horários de sono devem ser adequados à idade da criança e regulares, isto é, as crianças devem ir dormir e acordar sempre por volta da mesma hora. Em crianças pequenas é fundamental instituir uma rotina para a cama, que deve ser consistente (sempre igual), curta e com duas a três atividades (por exemplo beber leite, ir à casa de banho e contar uma história). É também importante que a sesta seja ao início da tarde e não dure mais do que uma a duas horas. Mais tarde é fundamental que os pais continuem atentos ao período antes de ir dormir. As atividades estimulantes devem ser evitadas, os horários devem continuar a ser regulares e as crianças mais velhas devem compreender que a cama serve para dormir. Ver televisão, jogar computador ou trocar mensagens na cama antes de dormir contraria a tendência para o sono e pode acarretar dificuldades no adormecimento. ![]() * Núria Santos Coelho Madureira é responsável pelo Laboratório do Sono e Ventilação do Hospital Pediátrico Carmona da Mota - Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra A partilha da cama dos pais durante noite é uma realidade em muitas casas portuguesas... ![]() Imagem: Arkady Chubykin/PhotoXpress A larga maioria das crianças vai acabar por ficar na sua própria cama um dia (sim, conheci apenas um ou dois casos em que isso ainda acontecia aos 14 anos), mas podemos ajudar a que essa transição se dê mais depressa. Tenho algumas reservas em relação aos métodos universais, porque temos de ter em conta as características de cada criança e da família. Mesmo assim, podemos considerar alguns princípios fundamentais. Necessidade. Os estudos mostram que as crianças que dormem com os pais têm mais despertares durante a noite e, portanto, dormem pior. As consequências do sono insuficiente são bem conhecidas: irritabilidade, comportamento irrequieto e problemas de atenção, entre outros. A partilha da cama também perturba o sono e a intimidade dos pais. Tempo de qualidade. É importante procurar um estilo de vida que nos deixe tempo para passar bons momentos de dedicação exclusiva e de boa disposição com os filhos fora da hora do adormecer. Estes “créditos” tornam a separação da noite mais fácil para os pais e para os filhos. Confiança. O seu filho vai resistir à mudança de hábitos e rotinas. Vai protestar, zangar-se e até chorar como protesto. Mas, se existe afeto e o ponto anterior foi assegurado, ele tem todas as condições para enfrentar este pequeno desafio do crescer. Acredite que o seu filho tem capacidade para se adaptar às muitas mudanças que vai encontrar ao longo da vida. Rotinas. A rotina de ir para a cama é uma sequência de acontecimentos que acontece quando se aproxima a hora de dormir e deve ser igual ou muito parecida todos os dias. A previsibilidade dá segurança e a repetição e disciplina ajudam a cumprir as regras e criam um ambiente positivo de desaceleração até ao adormecer. Comida. O “snack” não deve fazer parte da rotina do adormecer. Se a criança já jantou há muito tempo, deve comer antes de iniciar a rotina de ir para a cama para não associar o adormecer ao biberão, por exemplo. Companhia e autonomia. Numa fase inicial, os pais podem acompanhar a criança no seu quarto, ao lado da cama, mas não deitados nela. Devem também reduzir o contacto e a conversa quando chega a hora de dormir. Numa segunda fase, os pais devem sair do quarto por períodos e tranquilizar do lado de fora do quarto com frases curtas e monótonas como “a mamã está aqui ao lado, são horas de dormir, vamos dormir”. ![]() Filipe Silva, pediatra Consolo. Chorar é uma forma saudável de expressar a frustração nas crianças. Não sou apologista de deixar chorar indefinidamente, mas pode voltar ao quarto em intervalos de alguns minutos para tranquilizar o seu filho. Consistência. Quando a criança já consegue sair da sua cama para ir para a cama dos pais durante a noite, deve ser reconduzida à sua cama com tom de voz firme, tantas vezes quanto forem necessárias. A aprendizagem necessita, muitas vezes, de repetição. Investimento. No final de um dia cansativo, é fácil ceder à tentação de trazer a criança para a nossa cama. Por outro lado, ser consistente nas rotinas parecer trazer maior cansaço no dia seguinte. Considere esta fase como um investimento. No final, todos dormirão melhor. |