Em Portugal, mais de metade das crianças com menos de cinco anos tem excesso de peso. Raia/Dreamstime Stock Photos & Stock Free Images As crianças mais pequenas, especialmente até aos três anos, têm necessidades nutricionais muito específicas e necessitam de consumir alimentos adequados à sua faixa etária O pequeno-almoço é considerado a refeição mais importante do dia e deve fornecer cerca de 15 a 20% da energia que necessitamos diariamente. A realização regular desta refeição é um indicador de hábitos alimentares saudáveis e está associado a uma menor prevalência de excesso de peso, melhoria no desenvolvimento cognitivo e psicossocial e desempenho académico das crianças. Estudos indicam que as crianças que tomam pequeno-almoço atingem mais facilmente as quantidades de vitaminas e minerais diariamente recomendadas. A não realização desta refeição representa uma perda de nutrientes importantes, que raramente é compensada durante o resto do dia, contribuindo para um aporte insuficiente de vitaminas (A, E, C, B6, B12 e folato), minerais (Ferro, Cálcio, Fósforo, Magnésio e Potássio) e Fibra. Como são habitualmente consumidos com leite, contribuem também para o aporte de Cálcio e Vitamina D, nutrientes essenciais para um desenvolvimento ósseo adequado. Em Portugal, mais de metade das crianças com menos de cinco anos tem excesso de peso. Para inverter esta tendência, o papel dos pais é fundamental, já que, como elementos modeladores do comportamento alimentar das crianças, devem encorajar a realização desta refeição desde cedo, pois os hábitos adquiridos na infância têm elevada probabilidade de perdurar durante a vida adulta. Como têm um sabor agradável, os cereais são bem aceites pelas crianças, o que evita o consumo de outros alimentos nutricionalmente desequilibrados (como bolos ou refrigerantes). São uma opção acessível em termos de custo e são rápidos e fáceis de preparar num período do dia em que todos os minutos são preciosos. No entanto, há que ter em conta que as crianças mais pequenas, especialmente até aos três anos, têm necessidades nutricionais muito específicas e necessitam de consumir alimentos adequados à sua faixa etária. Tem a certeza que está a dar ao seu bebé os cereais adequados à sua idade? A generalidade dos cereais de pequeno-almoço contém uma quantidade de açúcar, lípidos e sódio excessiva para o organismo da criança que, ainda imaturo e em pleno desenvolvimento, necessita de um aporte nutricional o mais equilibrado possível. O consumo excessivo de açúcar e lípidos pode ter consequências na saúde de um bébe a curto e a longo prazo, já que contribui para o aumento de peso e consequentemente para o aparecimento posterior de obesidade na infância, enquanto o consumo excessivo de sódio representa uma sobrecarga para o rim ainda imaturo do bébe e contribui para o aparecimento de hipertensão arterial. Para evitar o consumo excessivo destes nutrientes, é importante escolher cereais de pequeno-almoço adaptados à etapa de desenvolvimento de crianças mais pequenas, principalmente com idades entre um e três anos. É importante que tenham um teor de fibra adequado e uma quantidade de açúcar, lípidos e micronutrientes (Ferro, Sódio) adaptados especificamente às necessidades nutricionais desta faixa etária. Sendo o pequeno-almoço a primeira e a mais importante refeição do dia, esta é talvez a melhor refeição para começar a fazer escolhas saudáveis e nutricionalmente equilibradas. Faça as escolhas certas para os seus filhos e dê-lhes os cerais adequados às suas idades.
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Aproveite a primavera para dar mais peixe aos seus filhos de forma diferente e criativa. O selénio encontrado neste alimento reforça o sistema imunitário dos mais novos. Strykowski | Dreamstime Stock Photos & Stock Free Images A primavera é considerada a estação das flores, é também uma época de grande variedade de frutas, legumes e verduras, sendo uma das mais belas fases do ano, que nos inspira a fazer refeições com alimentos leves e coloridos ricos em antioxidantes. Quando o tempo começa a aquecer, exige do corpo mais energia, que deve ser rapidamente reposta. Uma boa opção para esta estação é combinar estes alimentos da época com alimentos de fácil digestão como por exemplo o peixe. Sendo o peixe um alimento de fácil digestão e rico num antioxidante fortíssimo, o selénio, deve fazer parte da alimentação das crianças, no mínimo duas vezes por semana, tal como recomenda a Associação Portuguesa de Dietistas. Na infância uma alimentação rica em antioxidantes ajuda no bom funcionamento do organismo e assegura o crescimento saudável, auxiliando também a manutenção e fortalecimento do sistema imunitário. O selénio é também naturalmente encontrado noutros alimentos de origem animal como a carne e produtos láteos, alguns cereais e frutos oleaginosos. Mas o peixe contém substancialmente maiores concentrações de selénio do que a carne e é considerado uma das maiores fontes dietéticas deste nutriente. Por este motivo é de extrema importância introduzir o peixe na alimentação. Quando existe um défice na ingestão de selénio, é observada uma maior produção de substâncias pro-inflamatórias pelo organismo. Assim o sistema imunitário fica sobrecarregado e mais debilitado. Por esta razão, não descure da alimentação dos mais novos, diversifique e varie. Aproveite esta estação para inovar e criar menus atraentes com alimentos sazonais. As crianças vão gostar de consumir peixe de diversas formas como por exemplo numa salada, com legumes coloridos, com massa, ou ainda em formato panado, podendo utilizar o forno como forma de confeção mais saudável, reduzindo assim o teor de gordura. Hoje em dia há várias formas e mais saudáveis de os satisfazer. As opções são mais que muitas! E com esta correcta ingestão de peixe, o selénio vai garantir o bom funcionamento e crescimento do organismo, e também o fortalecimento do sistema imunitário dos seus filhos! O cérebro tem de ser muito bem alimentado para que o desenvolvimento cognitivo se dê dentro dos parâmetros normais. Conheça uma área da nutrição a não menosprezar Imagem: photl.com Os benefícios de uma dieta equilibrada, variada e saudável não se fazem sentir apenas no desenvolvimento físico. Também existe uma forte relação entre a alimentação e o desenvolvimento cognitivo. O processo de maturação cerebral é bastante complexo, sendo mais evidente nos primeiros dois anos de vida. «A capacidade de aprendizagem, a compreensão, a memória, a atenção e a criatividade integram o desenvolvimento cognitivo, que é influenciado por vários fatores», explica a especialista holandesa Nathalie-van-derPut, acrescentando que «a vivência com os pais, a estimulação social, a genética, a educação e a nutrição são os principais fatores envolvidos no desenvolvimento cognitivo». No que diz respeito à nutrição, é preciso ter em conta que os nutrientes são fundamentais para o cérebro se desenvolver eficazmente. Em relação a estes componentes, «uns são produzidos pelo próprio organismo enquanto outros são obtidos através da alimentação. Desta forma, deve-se incluir na alimentação as vitaminas do complexo B e os ácidos gordos DHA e ALA, pois são nutrientes importantes para o desenvolvimento cognitivo». O cérebro é constituído por 100 000 000 000 neurónios e nele estão presentes entre 1000 a 10 000 conexões entre eles (sinapses). As ligações entre as células são protegidas por uma película isolante (mielina), que é maioritariamente constituída por gordura, em especial DHA. Este ácido gordo está presente no leite materno e no peixe gordo (sardinha, salmão, bacalhau, entre outros). O ALA não é produzido pelo organismo, só podendo ser obtido através da alimentação. Encontra-se naturalmente nos óleos vegetais – óleos de girassol, de soja e de linhaça. As vitaminas do complexo B (B6, B12, ácido fólico) existem nas frutas, nos vegetais, sobretudo nos de folha verde, bem como nos cereais. Os alimentos de origem animal, como a carne, o peixe e os produtos lácteos, são ricos em vitamina B12. Hábitos salutares para sempre «Em muitos casos, os pais preocupam-se com a alimentação dos seus filhos só até aos 12 meses. Por exemplo, retiram a sopa da alimentação quando a criança manifesta não gostar e/ou recusa comê-la», refere Helena Cid, nutricionista, sublinhando: «Não é apenas até se completar um ano de idade que se necessita de uma alimentação específica, mas sim durante toda a vida. O peixe gordo é fundamental, mas está pouco introduzido na alimentação dos portugueses.» Na opinião de Mónica Pinto, pediatra, «por vezes, as crianças recusam experimentar novos alimentos, pelo que os pais devem incentivá-las as vezes necessárias. Com o hábito, é possível conseguir que tenham uma alimentação saudável». Os hábitos salutares devem começar «pela fresca». Se se iniciar o dia com um pequeno-almoço desequilibrado a nível nutricional, é provável que o cérebro deixe de ter energia suficiente para processar a informação corretamente. O exercício cerebral dos jovens estudantes é intenso, mas pode ser afetado com a prática alimentar incorreta. E se nem sempre se ingerem os alimentos necessários, que interferem no desenvolvimento cognitivo, há sempre a hipótese de recorrer a suplementos alimentares ou produtos alimentares ricos em nutrientes. Desenvolvimento infantil nos primeiros anos de vida O desenvolvimento cerebral acontece por etapas, sendo os primeiros anos de vida essenciais para um processo bem conseguido. «A criança é biologicamente o produto da evolução adaptativa da sua espécie, com um genótipo individual exposto a um meio físico social e cultural particular. Necessita de um longo período de maturação, num meio nutritivo, que lhe permita vivenciar uma variedade de experiências de interação com o mundo externo», explica Mónica Pinto. De acordo com a pediatra, «o desenvolvimento é um processo contínuo, com uma sequência semelhante para todas as crianças. Mas o ritmo varia de criança para criança, dependendo da maturação do sistema nervoso central, e nem todas as competências se adquirem em simultâneo, pelo que a evolução não é linear, mas sim por patamares». Geralmente, é entre as 4 e as 6 semanas que o bebé deixa de ser passivo. Começa, por exemplo, a ter algumas reacções aos sons e está mais acordado. Com 3 meses descobre e explora as mãos. Aos 6 meses torna-se mais activo, curioso e já vocaliza. Três meses depois consegue deslocar-se, gatinhando ou rastejando. Quando completa um ano já comunica, manifesta os seus desejos e faz as primeiras birras relacionadas com a alimentação. Aos 15 meses sente-se mais independente fisicamente, imitando tudo, e com 18 meses tem uma maior autonomia e desembaraço e inicia a socialização. Aos dois anos adquire a capacidade de linguagem, aos três já brinca com as outras crianças e aumenta o vocabulário. Com quatro anos realiza atividades com princípio, meio e fim, com cinco anos torna-se mais atento e adquire competências pré-académicas e aos seis anos insere-se no meio escolar e tem interesses mais específicos. Na opinião de Mónica Pinto, «durante o processo de desenvolvimento, cabe aos pais dar autonomia progressiva e completa à criança, efetuar o treino progressivo da atenção e concentração, limitar as atividades passivas e fomentar as criativas. Devem também, entre muitas outras coisas, incentivar a criança a participar e a ter um papel na família, prepará-la para a entrada na escola e evitar inícios precoces. É importante deixar a criança ser criança». Texto: Sofia Filipe/Jasfarma |
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