Apesar de gostarem de se relacionar, muitas crianças têm dificuldade em partilhar os brinquedos e, então, as discussões tornam-se inevitáveisVeer / Ia_64 É no contacto com os outros que se aprende e se desenvolve a sociabilidade. Pela comunicação e diálogo com os progenitores e outros adultos próximos, cuja relação se estabelece num plano desigual, mas também com os seus pares, agora em completa igualdade. Malgrado as potenciais discussões pela posse dos mesmos objetos – uma das mais frequentes -, o grupo é essencial para a criança desde muito cedo. A integração neste corpo de iguais apresenta-se com múltiplas vantagens para além da pertença em si mesma. Nomeadamente como um meio privilegiado de aprendizagem de todo um conjunto de coisas que fazem parte da destreza social, a qual se pretende apreendida. É também na relação com os companheiros de brincadeiras que a criança projeta mais facilmente a sua identidade, lima arestas, isto é readapta a sua conduta à medida dos conflitos, testando simultaneamente, e por fim, a sua capacidade de resolvê-los. Proporcionar encontros de amizade, os quais vão acontecer mais tarde com plena intensidade, é outra das vantagens desta integração natural. É fazer o caminho e adquirir traquejo, ensaiar as soluções que vão ajudar depois a solidificar as relações. Mas voltemos à infância, entremos no jogo onde se aprende os papéis de mãe e mulher (vaidosa) e trabalhadora – com o auxílio das bonecas, dos livros e dos estojos de pintura. Elas gostam de brincar – dois é bom e três, geralmente, já é de mais -, mas também é fácil entrarem em choque quando ambos tentam apoderar-se do mesmo objeto e esquecem literalmente qualquer outro por mais aliciante que seja. É natural, de facto, mas isso não significa que os adultos não devam levá-lo em conta, evitando que o comportamento se instale para o resto da vida. Uma criança com idade compreendida entre os 5 e os 6 anos já deve saber partilhar e ser cooperante, valores que lhe devem ser incutidos muito cedo com bons modelos. O grupo é o espaço onde se exercita a teoria apreendida, aquela que se leva na mochila arrumada em casa. Assim, tenha presente esta realidade e eduque-a no sentido da tolerância e generosidade, sendo a família um exemplo constante dessa generosidade. Oriente-a para que aprenda a encontrar soluções alternativas, dê-lhe pequenas luzes sobre o direito de propriedade, ensine-a a controlar os instintos e felicite-a sempre das boas ações, para criar incentivos a ser sempre melhor. Se tiver que restringir-lhe alguns privilégios adquiridos, não hesite! E explique-lhe porquê, desde que a criança já tenha alcançado a idade para esse entendimento. Texto: Inês Mendes
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