Apesar de gostarem de se relacionar, muitas crianças têm dificuldade em partilhar os brinquedos e, então, as discussões tornam-se inevitáveis ![]() É no contacto com os outros que se aprende e se desenvolve a sociabilidade. Pela comunicação e diálogo com os progenitores e outros adultos próximos, cuja relação se estabelece num plano desigual, mas também com os seus pares, agora em completa igualdade. Malgrado as potenciais discussões pela posse dos mesmos objetos – uma das mais frequentes -, o grupo é essencial para a criança desde muito cedo. A integração neste corpo de iguais apresenta-se com múltiplas vantagens para além da pertença em si mesma. Nomeadamente como um meio privilegiado de aprendizagem de todo um conjunto de coisas que fazem parte da destreza social, a qual se pretende apreendida. É também na relação com os companheiros de brincadeiras que a criança projeta mais facilmente a sua identidade, lima arestas, isto é readapta a sua conduta à medida dos conflitos, testando simultaneamente, e por fim, a sua capacidade de resolvê-los. Proporcionar encontros de amizade, os quais vão acontecer mais tarde com plena intensidade, é outra das vantagens desta integração natural. É fazer o caminho e adquirir traquejo, ensaiar as soluções que vão ajudar depois a solidificar as relações. Mas voltemos à infância, entremos no jogo onde se aprende os papéis de mãe e mulher (vaidosa) e trabalhadora – com o auxílio das bonecas, dos livros e dos estojos de pintura. Elas gostam de brincar – dois é bom e três, geralmente, já é de mais -, mas também é fácil entrarem em choque quando ambos tentam apoderar-se do mesmo objeto e esquecem literalmente qualquer outro por mais aliciante que seja. É natural, de facto, mas isso não significa que os adultos não devam levá-lo em conta, evitando que o comportamento se instale para o resto da vida. Uma criança com idade compreendida entre os 5 e os 6 anos já deve saber partilhar e ser cooperante, valores que lhe devem ser incutidos muito cedo com bons modelos. O grupo é o espaço onde se exercita a teoria apreendida, aquela que se leva na mochila arrumada em casa. Assim, tenha presente esta realidade e eduque-a no sentido da tolerância e generosidade, sendo a família um exemplo constante dessa generosidade. Oriente-a para que aprenda a encontrar soluções alternativas, dê-lhe pequenas luzes sobre o direito de propriedade, ensine-a a controlar os instintos e felicite-a sempre das boas ações, para criar incentivos a ser sempre melhor. Se tiver que restringir-lhe alguns privilégios adquiridos, não hesite! E explique-lhe porquê, desde que a criança já tenha alcançado a idade para esse entendimento. Texto: Inês Mendes
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É desejável que as famílias tenham critérios preventivos sobre o tipo de programas que os filhos podem assistir ![]() Tem alimentado muitas dissertações e teses, em boa verdade nem sempre concordantes. Pois se há teorias que defendem que a violência assistida pelas crianças torna-se facilmente suscetível de ser produzida, outras estão de acordo que pode ser uma espécie de exorcismo para a parte menos boa de cada um. No entanto, se estreitarmos o campo de análise ao universo das crianças mais pequenas, então temos e devemos ser bem mais rigorosos. Não existe qualquer dúvida de que até aos três anos de idade, elas confundem fantasia e realidade, mesmo que os adultos tentem explicar-lhes a diferença entre ambas (o crescimento inteletual assim como o físico faz-se por etapas). Por isso, e porque estão na fase de imitação por excelência do comportamento dos mais velhos, sem saberem ainda ajuizar se o mesmo é ou não construtivo, podem facilmente agregar condutas anti-sociais que lhe são oferecidas pelo pequeno ecrã. Inclusive através de programas infantis (e mais tarde juvenis) feitos a pensar neles, tais como alguns desenhos animados. Para não falar igualmente nos filmes a que têm acesso ou até mesmo à emissão de notícias sobre os acontecimentos do dia-a-dia que abrem os telejornais. A verdade é que as crianças de hoje, um pouco pelo mundo fora, passam horas de mais em frente do televisor - o qual, em alguns casos, funciona quase como principal agente socializador. A maioria delas não compreende o que está a ver mas também ainda é demasiado nova para ter apreendido a fazer qualquer tipo de filtragem. Resultado, os seus conteúdos e imagens são assimilados passivamente e, quando não imitadas como se disse atrás, no grupo dos mais velhos, os mais pequenos podem pelo menos ser atormentados mais tarde pelas imagens a que assistiram, confundindo-os. Um dos primeiros sinais significativos de que isso pode estar a acontecer é a dificuldade da criança em conciliar o sono, seguramente se a soubermos exposta demasiadas horas à caixinha que mudou o mundo e cuja tecnologia tanto tem aperfeiçoado. Mas atenção, não sejamos alarmistas! É preciso reconhecer que a televisão também ensina, que a criança pode com ela desenvolver e aprimorar o seu vocabulário, provavelmente de forma mais rápida. Por isso, o conselho só pode ser responsabilizar os pais inteiramente, cabendo-lhes cumprir um controlo o mais criterioso possível sobre o tempo que a criança deve passar em frente ao televisor, quais os programas que lhe são permitidos assistir e, sempre que possível, acompanhá-la nesse visionamento. Tudo isto de acordo com a sua idade. Por fim, é desejável que a estimule para o prazer de outros passatempos, proporcionando-lhes de igual forma as relações sociais, as trocas afetivas e a criatividade. |
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