Maya Kruchancova | PhotoXpress As crianças com dificuldades de aprendizagem são um desfio constante para com quem elas convive de forma diária. Os incitações são constantes e levam por vezes ao limite de quem com eles convive Estas crianças devem ter um acompa-nhamento terapêutico com uma preo-cupação individual de salvaguardar a crian-ça e desenvolver as suas competências menos adquiridas. Esse acompanhamento pode ser realizado dentro com fora da es-cola, desde que se fale numa só direcção. Clinica, família e escola devem estar de mãos dadas, com discursos e modus operandi articulados e estruturados. É im-portante que a criança sinta uma preocupação única, no mesmo sentido que lhe dê segurança e perceber que os esforços para a ajudar vão no mesmo sentido. Não só no mesmo sentido como complementares entre si. Certamente que pais, técnicos e professores têm diferentes conhecimentos e diferentes possibilidades de interação que devem ser aproveitadas como complementares entre si. Não significando que a vida da criança seja um constante apoio. A intervenção multissensorial deve ser considerada como pilar fundamental no trabalho com as crianças com DA. Diferentes crianças aprendem de diferentes modos e a maneira como proporcionamos experiencias de aprendizagem infere nos resultados obtidos. As estratégias de ensino muito expositivas assentes numa comunicação verbal será facilitadora de aprendizagem para alguns mas para outros não. É necessário diversificar com estratégias musicais, visuais, quinestésicas… É fundamental também salvaguardar aos alunos estratégias que lhes favoreçam a aprendizagem, minimizando à partida as suas dificuldades pela questão apenas estratégica. Apelar aos diversos sentidos é salvaguardar, à partida, condições de aprendizagem mais favoráveis. A diversidade estratégica que colocamos em prática na sala de aula, em família ou em consultório, favorecem a motivação, apelam à participação ativa dos alunos e minimizam o entorpecimento do desalento ao longo do tempo em que os alunos convivem cm dificuldades académicas. Os pais também têm uma voz muito ativa na intervenção motivacional dos seus filhos. Eles convivem diariamente com as dificuldades dos seus filhos. Que os desgastam, que os levam à exaustão, que os fazem perder forças e ter maior dificuldade em acreditar. É frequente ver os pais mais desmotivados do que os filhos com dificuldades de aprendizagem. É desde logo um principio preocupante, pois sendo os pais os modelos e impulsionadores de conduta relacional e de ação, esta desmotivação e descrença transmite-se pelos sinais mais subtis, pelas expressões verbais mais insignificantes, mas que são pressentidas e apreendidas pelos filhos. Ter um discurso otimista, encorajador faz toda a diferença em oposição a um discurso critico, destrutivo que tudo põe em causa. Afirmações como “ele não consegue”, “já experimentei de tudo”, transmitem uma incapacidade permanente que não é verdadeira. A criança, hoje, pode ter dificuldades na leitura ou escrita, na grafia ou matemática, mas terá a mesma dificuldade daqui a 10 anos? Muito provavelmente não. Poderá ainda manifestar alguma dificuldade a esse nível mas sem que seja tão influente no seu dia a dia. Antecipar os 10 anos é que deve ser a preocupação dos pais, e esses têm um papel enorme sobre como os seus filhos encaram a escola. Devem encorajar, incentivar, motivar, salientar os sucessos, refletir nos fracassos, sem nunca, nunca desistir. Para que os pais saibam também posicionar-se nestas matérias às quais não são experts como os técnicos ou os professores, estes necessitam de os orientar e auxiliar frequentemente. Desde logo tornando muito claro qual é a dificuldade do seu filho. É importante que os pais percebam desde logo o que se passa com os seus filhos. Perceber é o primeiro passo e torna-se fundamental efetuar sugestões bibliográficas para melhor compreensão da situação dos seus filhos! Aqui professores e técnicos têm de ser interventivos e cautelosos. Os pais devem, pois, ser aliados e necessitam de informação. Do que fazer, como fazer, o que evitar, como reagir… Têm de ser ensinados e apoiados. Ensinados sobretudo no saber fazer. Não basta que conheçam a fundo a dislexia do seu filho se não souberem como se posicionar no trabalho com as crianças. É importante que técnicos e professores ensinem o saber fazer e agir nas crianças com dificuldades. Nas dificuldades de aprendizagem procura-se uma mudança de realidade. Quanto mais cedo a criança conseguir ultrapassar as suas dificuldades mais salvaguardada estará. Mas não é apenas a criança que tem de mudar. Se queremos provocar mudança na criança, pais, professores e técnicos têm de mudar o modo como se posicionam perante as crianças com dificuldades de aprendizagem. Cada criança é única. Temos de as encarar desta forma, para que ela não só se sinta valorizada, mas sobretudo entendida e respeitada. Texto: Renato Paiva (Clínica da Educação)
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