Uma das grandes inquietações dos pais de um/a adolescente são “as companhias”. No entanto, os “pares” são peça fundamental no puzzle do desenvolvimento do jovem. Tendem a agrupar-se com base nos sentimentos, interesses e preocupações comuns, formando, por vezes, verdadeiros “bandos”. Texto: Palmira Simões Vejamos mais concretamente porque isso acontece e qual o papel dos grupos nesta etapa da vida, delimitada sensivelmente entre os 13 e os 18/19 anos, os chamados teenagers. Alguns autores alongam o final da adolescência até aos 21 (tempos houve que era nesta idade que se atingia a “maioridade”). Porque é que o adolescente gosta da companhia dos amigos, preterindo os pais?
O ser humano é um ser social por excelência. Está na sua essência interagir com o meio e com os outros seres humanos em particular, representando este facto não apenas um pilar para a construção da sua identidade pessoal e social como também para o seu desenvolvimento integral, desde a infância e prolongando-se por todo o seu ciclo vital. Para saber mais BRACONNIER, Alan e MARCELLI, Daniel (2000). As Mil Faces da Adolescência. Lisboa: Climepsi Editores. GOUVEIA-PEREIRA, Maria et al. (2000), “Dinâmicas Grupais na Adolescência”. In Análise Psicológica, 2 (XVIII): 191-201. LEPRE, Rita Melissa (s.d.), “Adolescência e Construção da Identidade”. Texto disponibilizado na plataforma moodle da Universidade Aberta, na unidade curricular de Problemáticas Juvenis, ano letivo 2013/14. MATOS, Margarida Gaspar (2008), “A saúde do adolescente: o que se sabe e quais são os novos desafios”. In Análise Psicológica, 2 (XXVI): 251-263. TAVARES, José et al. (2007), Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, pp. pp. 74-76. Porto: Porto Editora.
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Por Carla Pereira, psicóloga / Fale Connosco – Saúde Personalizada Desde muito cedo que os nossos jovens são incentivados a pensar no seu futuro profissional. A pergunta “Que queres ser quando fores grande?” é disso um exemplo claro. À medida que as crianças crescem cresce também a necessidade de terem projetos mais concretos e realistas, sendo necessário refletir de forma mais séria sobre o seu futuro. A tomada de decisão relativamente ao futuro profissional é muitas vezes uma questão difícil de gerir, pois são muitas as opções, bem como as dúvidas e incertezas. Ao finalizar o 9º ano de escolaridade é pedido ao jovem que escolha uma área de estudos, o que irá, obrigatoriamente, condicionar as suas escolhas profissionais futuras. Nem sempre esta escolha se revela fácil. “Deverei seguir uma área do meu interesse ou uma área com mais saídas profissionais?”, ”Que profissões poderei depois seguir nesta área?”, “Terei capacidades para seguir essa área?”. São muitas as dúvidas e as questões que tornam este processo de tomada de decisão complexo e difícil. Para que o jovem consiga escolher de forma ponderada é crucial que este se conheça muito bem enquanto aluno, que descubra os seus interesses e aptidões, que analise as diferentes possibilidades de prosseguimento de estudos e que explore a realidade de diferentes profissões. É neste sentido que um processo de Orientação Vocacional pode ajudar o jovem aluno a tomar melhores decisões. Que é a Orientação Vocacional? É um processo de avaliação que pretende ajudar o aluno nas suas tomadas de decisão face ao seu futuro académico. No fundo podemos dizer que se trata de um processo de autoconhecimento, em que o jovem procura descobrir aspetos sobre si próprio e sobre o meio envolvente que o irão auxiliar na tomada de decisão. O técnico que leva a cabo o processo de Orientação tem a responsabilidade de guiar o jovem nesta descoberta. Para tal, recorre à aplicação de provas de avaliação específicas, nomeadamente no que respeita aos interesses do aluno, às suas aptidões, características de personalidade ou valores profissionais, mas não é apenas isso que compõe o processo de Orientação Vocacional. A procura ativa e recolha de informação por parte do jovem é fundamental ao longo de todo o processo. Este deverá revelar uma atitude de autonomia e de grande responsabilidade, pois todas as decisões futuras dependerão dele e não dos resultados da Orientação Vocacional. O processo de Orientação pode ser fundamental para os alunos que têm muitas dúvidas mas também para aqueles que procuram confirmar as suas intenções de escolha. Como é organizado o processo? Não existe apenas uma forma de conduzir o processo de Orientação, no entanto, há aspetos que deverão estar sempre presentes. A Entrevista e a aplicação de provas de avaliação nos domínios já referidos (p.e., interesses, aptidões, maturidade vocacional, personalidade) são aspetos fulcrais deste processo. A Orientação Vocacional poderá ser desenvolvida somente em sessões individuais ou poderá apresentar sessões grupais durante a aplicação das provas de avaliação, desde que as condições ideais estejam reunidas e não comprometam os resultados dos testes. Já a Entrevista e a devolução dos resultados, geralmente sob a forma de relatório, deverão assumir um carácter individual. Durante o processo de Orientação o jovem é o “ator principal”. É ele quem deverá fazer as questões, levantar dúvidas e simultaneamente procurar respostas recorrendo aos diferentes meios de informação ao seu dispor. É também dele a responsabilidade e o mérito de escolher o caminho a seguir após analisar toda a informação recolhida e os resultados das provas que realizou. Não podemos também esquecer o papel fundamental da família em todo este processo enquanto suporte do jovem nas suas escolhas. É importante salientar que o processo de Orientação Vocacional não pretende tomar decisões pelo jovem mas sim orientar e facilitar a sua tomada de decisão, para que o seu percurso académico avance sem ansiedade ou retrocessos. Durante a puberdade e adolescência as amizades vão ganhando progressivamente maior importância para os seus filhos.... Por Marta Andersen/Oficina de Psicologia Ser-se aceite fazer parte do grupo de pares é fundamental para a construção da identidade do adolescente, que assim vai definir os seus valores, ideias e opiniões acerca dos outros e do mundo. No entanto, o formato das amizades dos adolescentes atuais é bem diferente dos dos seus pais. As redes sociais trouxeram mudanças importantes na forma de viver e construir as amizades. Enquanto os pais desenvolveram predominantemente amizades na escola, que eram suportadas pelo convívio diário com os amigos (entre a escola, as idas ao café e as festas de aniversário), os adolescentes atuais têm muitas vezes mais tempo de contacto “virtual” com os amigos, do que tempo “real”. Qual é o impacto das redes sociais nas amizades dos adolescentes? Vantagens e desvantagens Com as redes sociais o próprio conceito de amizade parece ter-se alterado. Enquanto que para construir uma amizade na vida real, é preciso que haja um desejo mutuo de conhecer o outro e a relação é construída em privado, pela partilha de momentos que vão reforçando a cumplicidade entre amigos, nas amizades nas redes sociais basta clicar em alguém para se tornar seu amigo, e a partir desse momento o outro passa a ter acesso a tudo que o amigo publicar. Para além disso, enquanto na vida real todos procuramos ter “poucos mas bons” amigos, nas redes sociais os adolescentes habitualmente procuram ter muitas amizades, sendo que a quantidade suplanta a qualidade. No entanto, nem tudo são desvantagens. Num mundo em que a maior parte dos pais desenvolveu um enorme receio de deixar os seus filhos conviver fora de casa, as redes sociais são muitas vezes o único local de convivio para os adolescentes. Assim, as redes sociais permitem ao adolescente conviver regularmente com os amigos, assim como partilhar instantaneamente ideias e sentimentos. Outro aspeto importante é que as relações nas redes sociais são mediadas, isto é, a relação não é feita diretamente, como na vida real, mas através da rede social. Isto possibilita ao adolescente pensar antes de responder a um comentário, ao contrário da vida real, em que temos de ter a capacidade de dar respostas imediatas. Por um lado, isto acarreta vantagens: o adolescente pode, de forma segura, praticar as suas competências de comunicação, ganhar confiança nas interações sociais e construir amizades de forma mais confortável. Mas, por outro lado, o adolescente pode permanecer inapto para dar resposta aos desafios que a vida real mais cedo ou mais tarde lhe irá trazer. Além disso, as redes sociais permitem aos adolescentes projetarem características idealizadas, que não correspondem necessariamente ao que são ou a como se sentem. Por exemplo, podem colocar uma mensagem ou uma foto que transmite uma enorme auto-confiança e alegria, quando na realidade se sente inseguro e desanimado. Este facto pode levar a que os jovens, mesmo com inúmeros amigos nas redes sociais se sintam extremamente incompreendidos e sós. A influência das redes sociais na construção de amizades é inegável. No entanto, não devem servir como um substituto das amizades e do convívio na realidade. Fica então um desafio para todos os pais: converse com o seu filho sobre as amizades dele. Tente perceber se de facto tem amigos com quem pode contar, na escola e nas redes socias, e ajude-o a descobrir formas de se sentir confortável tanto nas amizades virtuais como nas de “carne e osso”. Imagem: © Ajphotos | Dreamstime Stock Photos & Stock Free Images Nem tudo é alegria quando se é jovem. São vários os motivos que levam um adolescente a ficar deprimido. Conheça-os e tente ajudar... Felizmente, a adolescência não dura toda a vida. Um dia passa! Não sem antes provocar alguns estragos, é verdade. É uma fase inquietante em que os jovens questionam tudo – e os adultos não têm respostas – e duvidam muito mais. Os filhos estão seguros que os pais, e essa “estranha espécie” de gente crescida, não os entende nem ao seu mundo. Com a sensibilidade à flor da pele, são muito intensos e, por isso, qualquer assunto se resume em tudo ou nada. Qualquer acontecimento ou experiência pode ser motivo de uma enorme alegria ou de extrema tristeza. Isto não significa que não haja fundamento para um estado de nostalgia, pois há situações concretas que podem dar-lhe origem. Nomeadamente, um excesso de exigências parentais no sentido do jovem tirar boas notas ou ter um comportamento exemplar... é perfeitamente justificável que se sinta deprimido em vésperas de um exame ou quando acumula várias actividades extracurriculares. A morte de um familiar, o divórcio dos pais, um novo casamento da mãe e o ter que adaptar-se a essa situação pode conduzir a um estado semelhante. A mudança de residência implica a mudança de escola, transição que é normalmente acompanhada de alguma angústia. Questões físicas. A idade de todas as transformações corporais, dos complexos, do aparecimento da acne. As pequenas contrariedades tornam-se problemas para ele. O olhar constante ao espelho ou os posters com modelos esculturais nas paredes, podem ser indícios dessa preocupação com a aparência. Estar num corpo que lhes parece estranho deixa-os muitas vezes deprimidos e com a ideia de que ninguém vai gostar deles assim. Ser aceite. É uma das preocupações mais frequentes que vem aliada à anterior. Ter um grupo de amigos que se interessem pelos mesmos assuntos e os vêem como um ombro amigo é a ambição de qualquer jovem nestas idades. É também a fase em que se apaixonam todos os dias e que procuram alguém. Poder desabafar e partilhar experiências é algo que os faz sentir especiais e a falta deste estímulo pode frustrá-los. Ser-se aceite pelos colegas da mesma idade é um princípio para se sentir aceite pela sociedade. Divórcio dos pais. Quando aqueles não se entendem e optam pela separação, fazem os jovens sentirem-se melancólicos. Pensam que já não gostam deles, que ao abandonarem a relação desistem também dos filhos. Quando os pais não se separam e discutem constantemente, o cenário não é melhor. Para eles, até determinada idade, não é possível os pais deixarem de gostar um do outro e muito menos ter outro parceiro. Esta situação é normalmente vivida em silêncio e é verificada no fraco aproveitamento escolar ou na desmotivação por assuntos que normalmente lhes interessam profundamente. Maus resultados escolares. Nem sempre as coisas correm pelo melhor no campo escolar. De um modo geral esta situação já é uma consequência de algo que o preocupa e não o problema em si. O acompanhamento do estudo por parte dos pais pode ser uma ajuda indispensável. Quais os sintomas? · Torna-se introvertido e monossilábico. Refugia-se em casa, geralmente no quarto, a ouvir música e ou a ver televisão. · Secundariza as suas actividades de sempre e foge dos amigos, até dos mais íntimos. · Descuida a sua imagem e, muitas vezes, a higiene pessoal. · Queixam-se de um qualquer mal físico, pouco específico. · Por vezes assumem um comportamento agressivo, arrogante e desafiador, sobretudo se é questionado relativamente à sua mudança. · Vivem numa espécie de letargia e sonham, de olhos abertos, com aventuras fabulosas onde são os principais protagonistas, triunfadores e, pior isso, idolatrados pelo mundo. Como podem os pais ajudar? A adolescência sempre foi uma etapa de descoberta de si próprio e dos outros, uma fase da vida complicada por se ser ou não aceite pela sociedade, em que se está à procura do caminho. Existem muitas perguntas, muitas opções que exigem escolhas, escolhas essas que os pode afetar para toda a vida. O papel dos pais é apoiá-los nesta altura difícil, compreendendo-os e mostrando-lhes o lado positivo das coisas. Os sermões não ajudam, e o mesmo acontece com frases como “vês como tinha razão”. São várias as causas que podem contribuir para a sua tristeza. O diálogo é a melhor via para lidar com qualquer destas situações mas, sobretudo, saber escutar. · Regra geral, os adolescentes têm alguma dificuldade em transmitir os seus sentimentos, no entanto precisam de ser respeitados e amados de forma incondicional. Nesta fase, porque necessitam de se sentir seguros, é desejável que a família os apoie. · Mostre-lhe que confia nas suas capacidades e atitudes e apoio-o sempre. · Errar é próprio do ser humano e, ao mesmo tempo, um meio excelente de aprendizagem. Transmita-lhe esta ideia. · Coloque-se, de vez em quando, no seu lugar. Escute os seus problemas e conheça os seus sonhos e projetos. Estão presentes ao longo de toda a adolescência. Os jovens copiam a sua forma de vestir, de sorrir Vectoropenstock O que falta dizer sobre esta fase de descobertas e inquietações que põe tantos pais à beira de um ataque de nervos? Na procura da sua própria identidade adulta e autonomia, os adolescentes distanciam-se naturalmente do círculo familiar, regra geral sem rupturas, para estabelecerem laços de amizade com o seu grupo de iguais, através do qual procuram e encontram também padrões de identificação. Com eles partilham as alegrias e tentam testar a sua normalidade, trocam ideias e experiências. Nesta espécie de irmandade que serve de amparo às inseguranças próprias da idade que atravessam, todos os seus membros se regem segundo um código de conduta, aderem ao mesmo estilo de moda, vestem as mesmas marcas, pensam normalmente da mesma forma, falam utilizando a mesma gíria. São rebeldes sem causa, com os mesmos mitos... e ídolos. Pessoas a quem se rende grande veneração e com quem desejam identificar-se, imitando para isso o seu sorriso, a sua forma de vestir e falar, o seu comportamento e, por vezes, os seus vícios. Muitos jovens começam a fumar para imitar os seus heróis. Pode ser um vizinho ou vizinha, alguém que admirem, mas também o irmão ou irmã apessoada de um amigo, embora na esmagadora maioria das vezes se tratem de figuras públicas, do mundo do espetáculo, da música, do cinema, da televisão ou do desporto. Pessoas bem sucedidas que recrutam uma enorme legião de fãs, mesmo exterior ao grupo de adolescentes, e cuja imagem vive associada a um certo ‘glamour’. O que fascina os jovens não se esgota por isso nos dotes físicos do ídolo, ainda que este seja um fator relevante. A sua carreira pode ser igualmente apelativa, os feitos, as habilidades na área desportiva por hipótese, a originalidade da sua voz e da sua música, que fala ao coração ou à rebeldia que eles próprios podem sentir naquele momento. Por isso mesmo é que há ídolos entre os cantores românticos mas também entre os de rock. São modelos de identificação que se ajustam à partida à personalidade de cada jovem e aos tempos que correm, como sempre foi ao longo das diferentes gerações. A razão da escolha de certos modelos Juntamente com as referências fazem parte do desenvolvimento do ser humano e trata-se de um processo natural. A questão que se levanta é a escolha e avaliação desses modelos. Toda a nossa vida é pautada pela aprendizagem. Desde crianças, utilizamos modelos que nos servem de orientação; mas cada pessoa tem igualmente a sua própria personalidade, os seus padrões internos, que tenta equilibrar com o que lhe é imposto e exigido socialmente. É a partir desta dinâmica entre valores internos e externos que se gera o processo de desenvolvimento. De um modo natural, tendemos a identificar-nos com os modelos que nos são apresentados. A nossa primeira referência é a pessoa que cuida de nós nos primeiros anos de vida. Os bebés criam uma inter-relação com a mãe, respondendo aos estímulos que ela lhes dá. Contudo é necessário ter em atenção que as crianças não são tábuas rasas que podem ser moldadas pelas pessoas que as assistem ou com quem convivem. Por essa razão, tanto se pode dar a identificação com o modelo como a rebeldia e a adoção de um comportamento contrário ao proposto, o que todavia continua a contribuir para o desenvolvimento da pessoa. Neste processo, passamos a projetar no outro as nossas referências internas e buscamos a identificação com ele; ou então procuramos modelos antagónicos, de modo a estabelecer a contraposição do que foi negado e interditado em criança. É o que acontece aos jovens que sempre foram obedientes e calmos e, num dado momento, começam, sem justificação aparente, a se tornar rebeldes e a tomar atitudes inesperadas. Esta fase de oposição é temporária. Consiste numa forma de fechar esse ciclo de aprendizagem. Mais tarde há uma confrontação com os esquemas apresentados e impostos e aí escolhe-se o melhor modelo. Todo este processo de idealização do outro é natural e saudável e serve, como já foi referido, para o crescimento de cada um. Quando se atinge o maturidade afectiva, o esquema de idealização vai ser mais seletivo. Convém não esquecer que a admiração que sentimos por uma pessoa nem sempre implica seguir o seu exemplo: podemos reconhecer as suas qualidade e os seus méritos, sem querermos ser iguais a ela. Em determinada fase da vida, os adolescentes viram-se para o exterior e procuram modelos fora dos padrões familiares. Dedicam todo o seu tempo a tentar ser como o seu ídolo. Este pode ser um cantor, um ator ou um atleta. Na realidade nunca tiveram qualquer tipo de contacto pessoal com esse herói, mas sentem-se identificados com ele. Compram roupas iguais, fazem os mesmos cortes de cabelo e agem do mesmo modo. No caso dos músicos seguem "à letra" as orientações dadas nas canções, ou adotam os tiques e gestos dos actores, sonham seguir as mesmas carreiras e vir a tornar-se tão famosos quanto eles. Ignoram os conselhos ou opiniões dos pais e educadores e baseiam a sua vida na opinião do grupo de amigos. Isso muitas vezes acontece numa tentativa de contrariar o modelo que eles têm. Os jovens possuem uma necessidade de novidade e de busca de novas experiências, por isso procuram sensações diferentes, modelos exteriores. O que motiva tais atitudes é muito pessoal, embora atualmente exista a tendência para a massificação do comportamento dos jovens, estimulados pelos media. Na China ou numa aldeia do interior do Alentejo os adolescentes vestem-se quase do mesmo modo. A diferença consiste no ambiente e no contexto em que estão inseridos. Estes casos são o oposto da identificação positiva. Eles reconhecem que estes modelos exteriores são distintos dos recebidos no seio da família e adoptam-nos por essa mesma razão: oposição. Por isso não desespere se encontrar as paredes do quarto do seu filho/a forrado com o rosto (ou o corpo inteiro) de uma estrela do cinema de Hollywood, de uma cantora... há alguma coisa nestas personagens que ele/a gostaria de ter. O final do ano escolar está à porta e, com ele, as provas globais. Ou seja, chegou a hora de provar que os conhecimentos adquiridos estão de facto consolidados Por esta altura todos os estudantes têm as mesmas preocupações: como rentabilizar os esforços e serem bem sucedidos nos derradeiros testes. Mas como toda a gente sabe, a chave para o sucesso não depende de uma prescrição, já uma boa planificação dos estudos e técnicas ajustadas aos diferentes modos de aprendizagem de cada um podem marcar toda a diferença. No entanto, ficam alguns conselhos gerais: · Para assimilar a informação, o cérebro precisa de descansar. Por isso, é imprescindível dormir pelo menos oito horas por dia. · Reservar um local acolhedor para estudar: bem arejado, com luz adequada e longe de ruídos. · Nem sempre o silêncio é de ouro. Se a música ajudar a concentrar-se, não hesitar em colocá-la como cenário de fundo. · Dividir a matéria e impor metas de forma gradual. Se preferir, elaborar um horário e siga-o de forma disciplinada. · Fazer intervalos de pelo menos meia hora após cada noventa a cento e vinte minutos de estudo, ainda que o jovem não se sinta cansado. Durante esse tempo aproveitar para se descontrair, por exemplo dando um passeio por uma zona calma. Depois retomar o trabalho, de preferência com novo assunto. · Reservar as matérias mais complicadas para o período dito mais produtivo, ou seja quando a concentração está no máximo. Para isso, há que identificar este momento antecipadamente. · Saber qual é o tipo de memória principal, se a fotográfica ou antes a auditiva, já que as estratégias a aplicar também são diferentes. No primeiro caso, aconselha-se fazer resumos e tirar notas, elaborar esquemas e esboços, utilizar marcadores de várias cores para sublinhar, associar as palavras a imagens… enquanto no segundo, o ideal é mesmo a leitura em voz alta, servindo-se também das famosas mnemónicas. · Promover grupos de discussão com os colegas, logo que todos tenham os temas devidamente estudados. É uma excelente forma não só de consolidar a informação como esclarecer eventuais dúvidas. · À medida que for estudando as diferentes matérias, imaginar perguntas possíveis para cada uma delas e veja se sabe responder. É um excelente treino de preparação, acredite. · Nada de diretas na véspera do exame. Incentivar o jovem a deitar-se um pouco mais cedo e reunir todas as condições de forma a ter uma boa noite de sono, totalmente reparadora. No dia seguinte, respirar fundo… e mãos à obra. Durante este período é conveniente especial atenção com a alimentação, certificando-se de que proporciona ao organismo do seu filho as vitaminas e minerais necessários para que ele se mantenha em boa forma física e intelectual. Se achar necessário, elaborar mesmo uma dieta equilibrada e siga-a ao pormenor. Imagem: © Andresr | Dreamstime Stock Photos & Stock Free Images Mas também ainda não são adultos. A adolescência é essa fase entre uma coisa e outra, cheia Marinadi | Dreamstime Stock Photos & Stock Free Images Um dia é o jovem mais entusiasmado, cheio de novos projetos; no outro anda desinteressado e apático. De manhã é um excelente conversador; à tarde remete-se ao silêncio, macambúzio. Hoje é meigo; amanhã agressivo. Irreverente, refila o tempo todo; contesta as regras, põe em causa os valores que sempre regeram a família. Vive trancado no quarto a ouvir música, com o volume do aparelho no máximo, ou ao telefone com um amigo... Ser adolescente é um período da vida em que se vai e vem, de procura e inquietação, propício a repentinas mudanças de humor e necessidade de isolamento, vontade de afirmação e conflitos. Os pais queixam-se de que não é fácil lidar com os filhos nesta idade, mas para os jovens também não é nenhum mar de rosas, já que se veem confrontados com rápidas transformações e novas tarefas, tais como o crescimento do corpo e o eclodir de sentimentos e pulsões até então desconhecidos, a construção da identidade e da autonomia. O afastamento da família (não a rotura) é por isso natural, assim como a sua necessidade de privacidade e direito à intimidade, a eleger os amigos e confidentes e a experimentar novas relações de afeto. Precisam de explorar e conhecer, testar as suas aptidões, desenvolver os próprios gostos e critérios. Como sabemos, por experiência própria, todo este processo não se faz sem sofrimentos, sem avanços e recuos, sem dúvidas, medos e um enorme sentimento de instabilidade. A partir dela sabemos também, apesar das nossas atitudes parecerem querer dizer o contrário, como é bom ter um adulto por perto, que converse mas não se preocupe de mais, que nos compreenda e oriente com sabedoria. É pois nesse sentido que deve ir o papel dos pais. O diálogo, a compreensão e o apoio da família são fundamentais porque ajudam a construir as bases do adolescente. Por isso, é muito importante que se mostre disponível a ouvi-lo, a compreender o seu mundo, dando-lhe oportunidade de expressar as suas ideias e de discutir as coisas que lhe dizem respeito. Seja tolerante não deixando de ser firme no estabelecimento de regras, dê-lhe liberdade para estar com os amigos, para sair à noite (não sem antes determinar a hora de regresso), mostre-lhe que tem confiança nos seus atos e opções. E, quando tiver que dizer não, faça-o com a mesma naturalidade. Afinal, também é bom que aprenda a lidar com as contrariedades. |
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