Portugal não foge à regra. A sociedade portuguesa tem vindo a sofrer grandes transformações sob a batuta das TIC, acompanhando a escalada destas a nível global Na última década, e segundo a UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento, o desenvolvimento da Sociedade de informação e do conhecimento tornou-se cada vez mais transversal, penetrando profundamente na generalidade das organizações e alterando modos de vida e de trabalho, correspondendo à crescente apropriação social, económica e cultural das tecnologias da informação e da comunicação. Assim, e resumindo, pode dizer-se que para a sociedade portuguesa, a sociedade digital, da informação e do conhecimento é sinónimo de transformação e progresso. O empenho político nesta matéria tem sido visível mas múltiplas ações e programas encetados a nível governamental, cujos objetivos visam sobretudo: - Promover a criação e benefício social de novo conhecimento e tecnologia em áreas emergentes com elevado potencial para a criação de riqueza e emprego e para a melhoria da qualidade de vida das pessoas; - Promover a expansão e o reforço de redes de colaboração entre pessoas e organizações estimulando a produtividade, a criatividade e a excelência; fomentar a internacionalização de criação e transferência de conhecimento e tecnologia, e de conceção e acompanhamento das políticas para a Sociedade da Informação e do Conhecimento; - Assegurar a sua observação objetiva e transparente, bem como a prospetiva da sua evolução. Assim, e em termos concretos, os efeitos das TIC na sociedade portuguesa têm vindo a: transformar a educação;; promover a inclusão social; simplificar e a melhorar os serviços públicos; melhorar acessos e a promover a coesão social; disponibilizar novas ferramentas de TIC para investigação científica; contribuir para construir redes internacionais de conhecimento. Sociedade digital: o que é UM SLOGAN. O investigador espanhol Jose Manuel Perez Tornero compara a designação “sociedade digital” a um slogan, transportando-a para o mundo dos mitos, dos objetos de desejo, ao mesmo tempo que a afasta da realidade empírica. UM MITO. Tendo em conta que o mito representa uma realidade simbólica e deslumbrante, atrativa e respeitável, objeto de culto. UMA FORÇA TRANSFORMADORA. Modos de vida tradicionais cederam profundamente ao poder transformador da dita sociedade digital, a vários níveis: económicos, laborais, educacionais… e até da personalidade dos indivíduos. UMA IDEIA-VALOR. Capaz de concertar a ação de diversos sectores, dos políticos aos sociológicos, dos económicos aos tecnológicos. Os jovens e a Internet De acordo com a análise que os investigadores José Carlos Abrantes e Jacques Piette fazem, em "Ecrãs em Mudança", das características do uso da Internet pelos jovens em geral, podem tirar-se as seguintes conclusões: - Acessos mais fáceis, mais disseminados e com maior frequência; - Características dominantes dos internautas, com variações, sem existir por isso um perfil-tipo. As abordagens à Internet fazem-se em consonância com a idade, o sexo, o ter ou não acesso em casa, na escola, a prática, entre outros condicionantes. - O acesso faz-se sobretudo a partir de casa, e mais de uma hora por dia; na escola só para casos específicos e em horas estabelecidas; - Os jovens veem a Internet mais como uma evolução do que como uma revolução, olham-na como uma excelente ferramenta mas com limites, e usam-na sobretudo como um instrumento de diversão. - A Internet é comparada a uma mega biblioteca, pelo que os jovens acreditam na credibilidade e fiabilidade da informação. No entanto, mostram-se desconfiados no que respeita ao comércio eletrónico. - Os jovens desejam ainda uma maior presença da Internet na Escola, mas acrescentam que este instrumento não irá substituir nem a escola, nem o professor. - A Internet não é comparada por eles com a informática, considerando que esta última é mais difícil de aprender. - Os jovens gostam de utilizar a Internet sem a presença dos pais; permitindo eventualmente a presença de amigos e/ou irmãos. Sendo uma prática individual, não consideram estar sozinhos. - No imenso mundo da Internet, a tendência dos jovens é para tecer, contudo, pequenas “teias pessoais”. Dados concretos da realidade portuguesa Um estudo recente do projeto europeu EU Kids Online, cujo trabalho de campo foi efetuado em 2010, revela que 49% das crianças portuguesas, entre os 11 e os 16 anos, faz um uso excessivo da Internet (enquanto a média europeia é de 30%); 78% entre os 9 e os 16 anos usam a Internet, mais a partir dos seus quartos (67%) do que de outros lugares da casa (26%). Esta diferença é mais acentuada do que a média europeia (respetivamente 48% e 37%). Apenas 7% das crianças e jovens declaram ter visto imagens sexuais em sites, e apenas 4% dos pais acha que os filhos já as encontraram. Entre as crianças e jovens que viram imagens sexuais, uma em quatro declara ter ficado incomodada com isso; o risco de bullying online foi referido apenas por 2% das crianças e jovens, sendo menor do que o ocorrido presencialmente (8%), e ambos estão abaixo da média europeia (respetivamente 5 e 17%); quatro por cento respondeu já ter ido a encontros com pessoas que conheceu online e 15 por cento diz manter contactos com essas pessoas, número este abaixo da média europeia. Cinquenta e oito por cento das crianças e jovens têm um perfil numa rede social. Destas, 34% tem até dez contactos e 25% até 50. Entre os jovens utilizadores de redes sociais, 25% tem o perfil público, enquanto 7% partilha a morada ou número de telefone (estão entre os que menos o fazem em comparação com as crianças europeias). O estudo concluiu também que as crianças estão a aceder à Internet cada vez mais cedo, tendo sido observado que os mais novos têm maior dificuldade em lidar com conteúdos perturbadores. Internet e educação José Manuel Tornero destaca, em “O futuro da sociedade digital” a importância da TIC em geral e da Internet em particular na Educação, comparando-a “a uma espécie de escola universal que aproxima qualquer lugar dos recursos do conhecimento” e a “um veículo perfeito para relacionar entre si os aprendizes”. Segundo este autor, também o e-learning, via Internet, vem revolucionar as formas de aprendizagem, tal como a presença de meios telemáticos nas escolas. A Internet pode ainda auxiliar professores, ao ligá-los entre si em rede dentro da Rede. No entanto, e como não há bela sem senão, há que ter em conta aspetos que poderão tornar-se negativos, como a não-vigilância do uso da Internet, as fontes pouco rigorosas, a saturação da informação, o perigo de vir a substituir o verdadeiro ensino e esforço de aprendizagem, e a privação de sentido do ato criativo. Em Portugal: alguns dados (UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento) - Todas as escolas públicas do ensino básico e secundário ficaram ligadas à Internet em banda larga em Janeiro de 2006. Em 2009, 93% das escolas com 2º e 3º ciclos do ensino básico e com ensino secundário estavam ligadas a, pelo menos, 64 Mbps. - Desde 2007, programas destinados a massificar a aquisição de computadores portáteis para alunos do ensino básico e secundário (e.escolinhas, e.escolas), professores (e.professores) e alunos do Programa Novas Oportunidades (e.oportunidades) asseguraram o fornecimento de 1,1 milhão de computadores portáteis. - Para alunos do 1º ciclo do ensino básico, o programa e.escolinhas disponibilizou massivamente o Computador Magalhães, designadamente a 80% dos alunos. - Em Agosto de 2007 foi aprovado o Plano Tecnológico da Educação, que envolveu uma profunda modernização das escolas com a criação de redes de comunicação. - O número de alunos do ensino básico e secundário por computador com acesso à Internet passou (do ano letivo 2004/2005 para 2007/2008), de 16 para 9. Texto: Palmira Simões / Imagem: MyMagalhaes Fontes - Estudo A Sociedade da Informação em Portugal – Maio 2010, UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento (Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior). - Investigação europeia EU Kids Online, realizada pela The London School Of Economics and Political Science, Reino Unido, 2010, coordenada pela professora Sonia Livingstone. - “Ecrãs em Mudança”, Abrantes, José Carlos (coordenação), 2006. - “Comunicação e Educação na Sociedade de Informação, epílogo “O futuro da sociedade digital e os novos valores da educação para os Media”, Tornero, José Manuel Pérez, 2000.
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