FreeDigitalPhotos.net As competências artístico-musicais desenvolvem-se através de processos diversificados de apropriação de sentidos, de técnicas, de experiências de reprodução, de criação e reflexão, de acordo com os níveis de desenvolvimento das crianças e dos jovens A música é um elemento importante na construção de outros olhares e sentidos, em relação ao saber e às competências, sempre individuais e transitórias, porque se situa entre pólos aparentemente opostos e contraditórios, entre razão e intuição, racionalidade e emoção, simplicidade e complexidade, entre pas-sado, presente e futuro. As competências específicas estão pensadas no sentido de providenciar práticas artísticas diferen-ciadas e adequadas aos diferentes contextos onde se exerce a acção educativa, de forma a possibilitar a construção e o desenvolvimento da literacia musical em nove grandes dimensões: - Desenvolvimento do pensamento e imaginação musical, isto é, a capacidade de imaginar e relacionar sons. - Domínio de práticas vocais e instrumentais diferenciadas. - Composição, orquestração e improvisação em diferentes estilos e géneros musicais. - Compreensão e apropriação de diferentes códigos e convenções que constituem as especificidades dos diferentes universos musicais e da poética musical em geral. - Apreciação, discriminação e sensibilidade sonora e musical crítica, fundamentada e contextualizada em diferentes estilos e géneros musicais. - Compreensão e criação de diferentes tipos de espectáculos musicais em interação com outras formas artísticas. - Conhecimento e valorização do património artístico-musical nacional e internacional. - Valorização de diferentes tipos de ideias e de produção musical de acordo com a ética do direito autoral e o respeito pelas identidades socioculturais. - Reconhecimento do papel dos artistas como pensadores e criadores que, com os seus olhares, contribuíram e contribuem para a compreensão de diferentes aspectos da vida quotidiana e da história social e cultural. Estas dimensões consubstanciam-se em experiências pedagógicas e musicais diversificadas, baseadas na vivência e na experimentação artística e estética situada em diferentes épocas, tipologias e culturas musicais do passado e do presente. Neste sentido, as competências específicas propostas e a desenvolver constroem-se de forma a potenciar, através da prática artística, a compreensão e as interpelações entre a música na escola, na sala de aula e as músicas presentes nos quotidianos dos alunos e das comunidades. Relação com as competências gerais As competências específicas para a música na escolaridade básica têm como centro a pessoa da criança e do jovem, o pensamento, a sociedade e a cultura, numa rede de dependências e interdependências possibilitadoras da construção de um pensamento complexo. Neste sentido, a música, como construção social e como cultura, pode dar um conjunto de contributos para a consolidação das competências gerais que o aluno deverá evidenciar no final do ensino básico, que se podem sintetizar no seguinte: - O pensamento artístico-musical, nas suas múltiplas vertentes, implica a mobilização de saberes culturais, científicos e tecnológicos. É através desta perspectiva relacional e integradora que os problemas e situações musicais são abordados e vividos. São diversos os instrumentos, as técnicas, as formas e as metodologias que se entrecruzam na prática musical. Partindo da observação e questionamento da realidade, com base nas questões emergentes do quotidiano e nas histórias individuais, procura-se fomentar uma cultura de participação, através de projecos de natureza interdisciplinar. - Consoante os períodos históricos e os diferentes estilos e géneros musicais existem códigos, convenções e vocabulários específicos dos domínios culturais, científicos e tecnológicos que interagem na compreensão e resolução de determinados desafios criativos, interpretativos e estéticos. Também se estimula a criação de novas linguagens ou a improvisação sobre linguagens conhecidas, bem como a sua seleção e articulação para a realização do trabalho, sua comunicação e fundamentação. - A prática musical propicia a aquisição de uma terminologia específica, que contribui para enriquecer o vocabulário geral do aluno e que deverá ser enquadrada na perspetiva de um uso correto da língua portuguesa. As apreciações críticas, orais e escritas, que os alunos são convidados a fazer no âmbito da conceção, apresentação e avaliação da produção musical própria e dos outros, devem ser rodeadas do maior rigor, devendo constituir momentos de comunicação efetiva e personalizada. Métrica, rima, entoação, respiração, colocação de voz, acentuação, intensidade, timbre, expressividade, ritmo, fazem parte de uma vasta lista de conceitos e conteúdos presentes na prática musical. A apropriação destes conceitos através da música pode contribuir para um melhor entendimento da estrutura da língua portuguesa e, ao mesmo tempo, armam o aluno com recursos no domínio da qualidade, da eficácia e da criatividade presentes na comunicação. - O vocabulário específico das culturas musicais inclui inúmeras palavras em línguas estrangeiras que ajudam a estabelecer uma relação de familiaridade com as diferentes línguas e de consciencialização do seu valor patrimonial. O estudo de canções e peças musicais em línguas estrangeiras é um bom exemplo de como a música pode veicular a motivação e o treino para o uso de diferentes línguas, para além de facilitar a comunicação, e em particular, as trocas culturais. Para a pesquisa musical em vários suportes, nomeadamente no informático, é imprescindível o conhecimento de línguas estrangeiras, uma vez que a grande maioria da informação disponível é apresentada em línguas que não o português. - Uma das características distintivas das artes do espetáculo é o facto de se desenrolarem em tempo real. Esta característica envolve, entre muitas outras, uma dimensão tripla: criar, produzir e controlar emoções, sempre singulares e transitórias. Neste sentido, a adoção de metodologias personalizadas de trabalho e de aprendizagem, de acordo com os objetivos visados, afigura-se uma estratégia fundamental e adequada na educação e formação no domínio artístico. - A criação, interpretação e audição musicais são campos onde a pesquisa, seleção e organização da informação aparecem como aspetos relevantes para explicitar a razão de determinada opção artístico-musical. É através desta dinâmica que a informação mobilizada se transforma em saber e conhecimento em ação. - Nos diferentes tipos de realização musical, a resolução de determinados problemas e a tomada de decisões técnicas, estéticas e comunicacionais são elementos estruturantes e multidimensionais que caracterizam o gesto artístico. O facto de a música acontecer em tempo real, implica, por parte de quem a faz, uma capacidade de tomar decisões rápidas e coerentes, tanto sob o ponto de vista técnico como artístico. - As práticas musicais favorecem espaços de construção de singularidades, inovações, mudanças e adaptações a novos cenários, através do desenvolvimento da autonomia e do pensamento divergente. - As crianças e os jovens, como seres sociais, movimentam-se em diferentes contextos pelos quais são influenciados e sobre os quais exercem influências. A educação e formação artístico-musical é um campo potencial para a cooperação com outros em tarefas e projetos comuns, através de práticas individuais e coletivas, corporizadas em diferentes tipos de organizações: da escola às "bandas de garagem", do recital ao espetáculo multidisciplinar. - As práticas vocais e instrumentais, de naturezas culturais diversificadas, são formas de percepção e consciencialização do corpo, numa perspetiva da sua relação com o espaço, o tempo e os outros, com um enfoque especial no respeito pela partilha de contextos comuns. Por outro lado, o envolvimento em práticas artísticas diferenciadas propicia mecanismos de bem-estar e de qualidade de vida. Experiências de aprendizagem Ao longo da educação básica todos as crianças e jovens devem ter oportunidade de experienciar aprendizagens diversificadas, em contextos formais e não formais, que visem contribuir para o desenvolvimento da literacia musical e para o pleno desenvolvimento das suas identidades pessoais e sociais: - Experienciar diferentes tipos de instrumentos e culturas musicais Ao longo do seu percurso formativo, as crianças e os jovens devem ter a possibilidade de aprender a cantar segundo diferentes tipologias musicais, da música étnica à erudita, do pop ao jazz, entre outras, e a tocar, desde instrumentos populares portugueses a instrumentos electrónicos, como sintetizadores, de acordo com o seu desenvolvimento pessoal. - Explorar diferentes processos comunicacionais, formas e técnicas de criação musical O desenvolvimento da compreensão das formas como os diferentes elementos sonoros e musicais interagem e se organizam na criação de diferentes tipos de obras musicais é um dos aspetos centrais da literacia musical. Os princípios composicionais são instrumentos que ajudam à organização dos sons e das ideias, permitindo a coesão e a singularidade de cada obra. A compreensão e a manipulação destes princípios possibilita o entendimento de como os diferentes compositores os utilizam para a criação artística bem como as formas pessoais de expressão e comunicação. - Produzir e realizar espetáculos diversificados Como arte performativa a música adquire sentido no âmbito da realização de práticas artísticas em diferentes contextos e espaços, com fins, pressupostos e públicos diferenciados. Pela sua natureza, a realização de projectos artísticos diversificados constitui terreno propício para o desenvolvimento de actividades de trabalho interdisciplinar, individual e em grupo. - Assistir a diferentes tipos de espetáculos A participação, como público, em espetáculos artístico-musicais de diferentes estilos e orientações estéticas, como forma de desenvolver, a partir da escola, a apetência para assistir a espectáculos, afigura-se um dos aspetos centrais na diversificação dos contextos de aprendizagem. - Utilizar as tecnologias da informação e comunicação Os diferentes programas educativos e formativos relacionados com a criação, edição, gravação, notação e tratamento do som, assim como os recursos da rede da Internet, são instrumentos que devem fazer parte dos quotidianos educativos, formativos e artísticos. - Contactar com o património artístico-musical O contacto directo com o património artístico-musical nacional, regional e local, bem como internacional, através de visitas de trabalho e de estudo com caráter de recolha, registo, exploração e avaliação dos dados, afigura-se um aspeto relevante para a compreensão e valorização deste tipo de património. - Realizar intercâmbios entre escolas e instituições As trocas entre estudantes de diferentes comunidades, culturas, religiões e etnias possibilitam o conhecimento recíproco dos respetivos patrimónios artísticos, musicais e culturais. Também os intercâmbios com instituições sociais, culturais e de recreio, podem contribuir não só para o desenvolvimento de competências sociais como também para o estabelecimento de redes de parcerias e para a dinamização cultural da escola. - Explorar as conexões com outras artes e áreas do conhecimento Um dos elementos essenciais na formação artístico-musical é a compreensão das relações entre a música e os diferentes contextos, bem como as formas diversificadas de expressão cultural, científica e artística. A articulação vertical e horizontal com outras áreas do conhecimento pode contribuir não só para a transferência de saberes como também para uma compreensão mais profunda das dimensões artísticas. - Desenvolver projetos de investigação Numa atividade investigativa pode explorar-se um determinado tema, situação, problema em aberto. Qualquer tema relacionado com a música pode ser objeto de atividades investigativas. No âmbito da educação e formação no ensino básico, as histórias das músicas e dos músicos, por exemplo, são temas privilegiados para estas actividades. Competências específicas As competências específicas a desenvolver na disciplina de Educação Musical são aqui apresentadas em torno de quatro grandes organizadores: - Interpretação e comunicação. - Criação e experimentação. - Perceção sonora e musical. - Culturas musicais nos contextos. No entanto, é essencial garantir que as aprendizagens conducentes à construção de qualquer competência se devem basear em acções provenientes dos três grandes domínios da prática musical - Composição, Audição e Interpretação. A apropriação dos conceitos musicais, vocabulário e terminologias musicais bem como o desenvolvimento de práticas vocais e instrumentais só podem ser considerados efetivos se assentarem neste princípio de base. Interpretação e comunicação No final do ensino básico, o aluno: - Canta sozinho e em grupo, com precisão técnico?artística, peças de diferentes géneros estilos e tipologias musicais. - Toca sozinho e em grupo pelo menos um instrumento musical utilizando técnicas instrumentais e interpretativas diferenciadas de acordo com a tipologia musical. - Prepara, apresenta e dirige pequenas peças e/ou espectáculos musicais de âmbitos diferenciados. - Participa, como intérprete, autor e produtor em recitais e concertos com diferentes pressupostos comunicacionais e estéticos e para públicos diferenciados. - Partilha, com os pares, as músicas do seu quotidiano. - Investiga e avalia diferentes tipos de interpretações utilizando vocabulário apropriado. Tipo de situações de aprendizagem 1.º ciclo - Canta as suas músicas e as dos outros, utilizando diversas técnicas vocais simples. - Toca as suas músicas e as dos outros, utilizando instrumentos acústicos, electrónicos, convencionais e não convencionais. - Apresenta publicamente peças musicais, utilizando instrumentos e técnicas interpretativas simples. - Explora diferentes códigos e convenções musicais na música gravada e ao vivo. - Responde a conceitos, códigos e convenções musicais na música gravada e ao vivo. 2.º Ciclo - Prepara, dirige, apresenta e avalia peças musicais diferenciadas, atendendo à diversidade de funções e pressupostos. - Ensaia e apresenta publicamente interpretações individuais e em grupo de peças musicais em géneros e formas contrastantes de acordo com as intenções e características próprias de cada autor, estilo e género. - Analisa diferentes interpretações das mesmas ideias, estruturas e peças musicais em estilos e géneros variados. Criação e experimentação No final do ensino básico, o aluno: - Compõe, arranja e apresenta publicamente peças musicais com níveis de complexidade diferentes, utilizando técnicas vocais e instrumentais e tecnologias diversificadas. - Improvisa melodias, variações e acompanhamentos utilizando diferentes vozes e instrumentos. - Manipula os sons através de diferentes tecnologias acústicas e eletrónicas. - Grava as suas criações e improvisações musicais. - Investiga processos de criação musical, tendo em conta pressupostos, técnicas, estilos, temáticas comunicacionais e estéticas diferenciadas. Tipo de situações de aprendizagem 1.º ciclo - Seleciona e organiza diferentes tipos de materiais sonoros para expressar determinadas ideias, sentimentos e atmosferas, utilizando estruturas e recursos técnico-artísticos elementares, partindo da sua experiência e imaginação. - Explora ideias sonoras e musicais partindo de determinados estímulos e temáticas. - Regista em suportes áudio as criações realizadas, para avaliação e aperfeiçoamento. - Inventa, cria e regista pequenas composições e acompanhamentos simples com aumento progressivo de segurança, imaginação e controlo. - Manipula conceitos, códigos, convenções e símbolos utilizando instrumentos acústicos e eletrónicos, a voz e as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para a criação de pequenas peças musicais, partindo de determinadas formas e estruturas de organização sonora e musical. 2.º ciclo - Utiliza diferentes conceitos, códigos e convenções para a criação de pequenas peças e improvisações musicais. - Utiliza diferentes estruturas e tecnologias para desenvolver a composição e a improvisação de acordo com determinados fins. - Apresenta publicamente e regista em diferentes tipos de suportes as criações realizadas, para avaliação, aperfeiçoamento e manipulação técnico-artística e comunicacional. - Manipula conceitos, códigos, convenções e técnicas instrumentais e vocais, bem como as TIC, para criar e arranjar músicas em diferentes estilos e géneros contrastantes. Perceção sonora e musical No final do ensino básico, o aluno: - Compreende como se utilizam e articulam os diferentes conceitos, códigos e convenções e técnicas artísticas constituintes das diferentes culturas musicais. - Analisa obras vocais, instrumentais e eletrónicas de diferentes culturas musicais utilizando vocabulário apropriado e de complexidade diversificada. - Descreve, auditivamente, estruturas e modos de organização sonora de diferentes géneros, estilos e culturas musicais através de vocabulário apropriado. - Lê e escreve em notação convencional e não convencional diferentes tipologias musicais, recorrendo também às Tecnologias da Informação e Comunicação. - Investiga diferentes modos de percepção e representação sonora. Tipo de situações de aprendizagem 1.º ciclo - Explora e responde aos elementos básicos da música. - Identifica e explora a qualidade dos sons. - Explora e descreve técnicas simples de organização e estruturação sonora e musical. - Identifica auditivamente mudanças rítmicas, melódicas e harmónicas. - Utiliza vocabulário e simbologias simples e apropriadas para descrever e comparar diferentes tipos de sons e peças musicais de diferentes estilos e géneros. 2.º ciclo - Reconhece um âmbito de padrões, estruturas, efeitos e qualidades dos sons. - Identifica auditivamente, escreve e transcreve elementos e estruturas musicais, utilizando tecnologias apropriadas. - Identifica e utiliza diferentes tipos de progressões harmónicas. - Completa uma música pré-existente, vocal e/ou instrumental. - Transcreve e toca de ouvido diferentes peças musicais com estilos diferenciados a uma ou duas vozes. - Identifica auditivamente e descreve diferentes tipos de opções interpretativas. Culturas musicais nos contextos No final do ensino básico, o aluno: - Compreende a música como construção social e como cultura em diferentes períodos históricos e contextos diversificados. - Reconhece os diferentes tipos de funções que a música desempenha nas comunidades. - Compreende e valoriza o fenómeno musical como património, fator identitário e de desenvolvimento social, económico e cultural. - Compreende as diferentes relações e interdependências entre a música, as outras artes e áreas do conhecimento. - Investiga os modos como as sociedades contemporâneas se relacionam com a música. Tipo de situações de aprendizagem 1.º ciclo - Reconhece a música como parte do quotidiano e as diferentes funções que ela desempenha. - Identifica diferentes culturas musicais e os contextos onde se inserem. - Produz material escrito, audiovisual e multimédia ou outro, utilizando vocabulário simples e apropriado. 2.º ciclo - Identifica e compara estilos e géneros musicais tendo em conta os enquadramentos socioculturais do passado e do presente. - Investiga funções e significados da música no contexto das sociedades contemporâneas. - Relaciona a música com as outras artes e áreas do saber e do conhecimento em contextos do passado e do presente. - Produz material escrito, audiovisual e multimédia ou outro, utilizando vocabulário adequado. - Troca experiências com músicos e instituições musicais. Fonte: Currículo Nacional do Ensino Básico publicado pelo Ministério da Educação.
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