Conclusões do Estudo "A Influência da Publicidade nas Crianças" Universidade Lusófona - Crianças dos 8 aos 11 anos estão ligadas à TV e Internet cerca de 21 horas por semana. - Ceticismo em relação à publicidade tende a aumentar com o aumento da idade e progressão escolar. - Recordam espontaneamente cerca de 422 marcas diferentes. 72,4% considera que a publicidade pode influenciar as escolhas e comportamentos alimentares A Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias apresentou no passado dia 26 de Novembro os resultados do estudo “A Influência da Publicidade nas Crianças”. Na apresentação do estudo estiveram presentes os investigadores do CICANT (Centre for Research in Applied Communications, Culture and New Technologies) Francisco Costa Pereira, Rui Estrela e Jorge Bruno, a Coordenadora do Programa Nacional de Saúde Escolar, Gregória Von Amann, a Secretária Geral da Associação Portuguesa de Anunciantes – APAN, Manuela Botelho e ainda a Representante da Direção-geral do Consumidor – DGC, Gisela Serafim. Este estudo foi efetuado com uma amostra de 602 crianças dos 8 aos 11 anos, 20 pais e dois professoras da Região da Grande Lisboa e teve como principais objetivos mostrar como as crianças constroem a sua atitude em relação à publicidade, identificar como a socialização para o consumo se pode materializar nas crianças, revelar como elas desenvolvem os seus comportamentos alimentares, e ainda, apresentar que impacto tem a literacia da publicidade nas crianças. Tempo despendido a ver televisão e na internet · As crianças entre os 8 e os 11 anos de idade, entre o 3º e 5º ano de escolaridade, estão em média 12,75 horas semanais a ver televisão e 8,78 horas semanais a navegar na internet – cerca de 50% do seu tempo livre é ocupado por estas atividades. · São os rapazes (género masculino) quem mais tempo passa a ver televisão e a navegar na internet. · À medida que a idade aumenta, a média das horas diárias por semana que as crianças ocupam a ver televisão ou a navegar na internet também aumenta, independentemente de se tratar do género masculino ou feminino. Atitude face à publicidade e representação social da publicidade nas crianças · Estes resultados sugerem que as crianças relativamente à atitude em relação à publicidade colocam em primeiro lugar a intenção de compra, mostrando que as coisas que os pais lhes compram são tão boas como as que visionam nos anúncios e que os anúncios lhes mostram coisas boas para comprar. · Quanto à credibilidade da publicidade as opiniões dividem-se quase que por igual: se por um lado algumas crianças consideram que os anúncios “mentem”, outras revelam que acreditam nos anúncios. · Em relação aos fatores diversão, credibilidade e intenção de compra, conclui-se que todos eles diminuem à medida que a idade e progressão escolar aumentam. Quer isto dizer que quanto mais as crianças progridem na idade e na escola, menos atitude têm em relação à publicidade, podendo traduzir-se num aumento do ceticismo. · As crianças do género feminino possuem uma estrutura da atitude em relação à publicidade mais consolidada e corrente do que o as do género masculino. A representação social do consumo através da representação social das marcas Foi solicitado Às crianças da amostra que referissem de forma livre um máximo de quatro marcas. · Foram evocadas 2517 marcas, sendo 422 diferentes. · As marcas mais evocadas foram a Zara (19%), a Nestlé (17%), o Continente (16%), a Nike (16%), Pingo Doce (14%), a Adidas (12%) e a Mimosa (11%). · Verificou-se que as categorias de marcas a serem evocadas com maior frequência foram os alimentos (19,8%), onde se incluem todas as marcas de alimentos e de distribuição (grandes superfícies de retalho) (16,4%) seguindo-se a categoria de vestuário (14,1%). · O reportório a nível de marcas aumenta do 3º Ano de escolaridade para o 5º Ano. · O género masculino centra-se mais nas marcas de alimentos e o género feminino centra-se tanto nas marcas de alimentos como de vestuário. Conhecimentos alimentares saudáveis das crianças e comportamentos alimentares saudáveis praticados pelas crianças · Relativamente às alternativas a frutas e vegetais para uma alimentação saudável a opção “comer sopa a uma das refeições” foi a mais escolhida pelas crianças (78,1%). · 73,3% das crianças reconhece que o Iogurte é uma fonte de cálcio importante. · As crianças sabem como devem reduzir o açúcar na sua alimentação, sendo que 74,1% escolheu a alternativa “Comer ao pequeno-almoço cereais simples em vez de cereais com açúcar”. · Os conhecimentos sobre os alimentos saudáveis que devem estar presentes nas refeições não variam grandemente do género masculino para o feminino. · À medida que o ano escolar aumenta, os conhecimentos sobre os alimentos saudáveis tendem a diminuir. · Estes dados sugerem que os comportamentos alimentares podem ser saudáveis a partir de uma alimentação natural, comendo fruta, alimentos com cálcio como o leite e iogurtes e cereais naturais sem adições de outros componentes e menos os alimentos saudáveis processados como os snacks, sendo mais os doces do que os salgados. Conhecimentos básicos sobre os media e a literacia da publicidade · As crianças consideram que a função com mais relevo dos media é a de informar as pessoas (80,2%), proporcionando-lhes diversão. · A maioria das crianças não considera que os media tenham como função convencer as pessoas a fazer/adquirir algo, consideram no entanto, que os media podem influenciar as escolhas alimentares (72,4%). · Relativamente à literacia da publicidade estas crianças possuem um conhecimento acima da média. Sabem ver quem são os responsáveis pela publicidade, quais são os seus objetivos, a que público-alvo se destina e como ela deve ser construída. · Pôde ainda verificar-se que quanto mais velhas são as crianças e mais horas de televisão visionam, menos alimentos saudáveis e naturais consomem, preferindo os processados, como é o caso dos snacks. · Por fim verificou-se que quanto mais as crianças conhecem a literacia da publicidade, mais os conhecimentos alimentares saudáveis se vão consolidando nelas. · Como conclusão final verifica-se que pode não existir uma relação direta entre publicidade e obesidade, mas que a publicidade as influencia nos seus comportamentos alimentares. · Também podemos concluir que a literacia da publicidade nas crianças, pode ajudá-las a ter conhecimentos comportamentos alimentares saudáveis.
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Apesar de gostarem de se relacionar, muitas crianças têm dificuldade em partilhar os brinquedos e, então, as discussões tornam-se inevitáveisVeer / Ia_64 É no contacto com os outros que se aprende e se desenvolve a sociabilidade. Pela comunicação e diálogo com os progenitores e outros adultos próximos, cuja relação se estabelece num plano desigual, mas também com os seus pares, agora em completa igualdade. Malgrado as potenciais discussões pela posse dos mesmos objetos – uma das mais frequentes -, o grupo é essencial para a criança desde muito cedo. A integração neste corpo de iguais apresenta-se com múltiplas vantagens para além da pertença em si mesma. Nomeadamente como um meio privilegiado de aprendizagem de todo um conjunto de coisas que fazem parte da destreza social, a qual se pretende apreendida. É também na relação com os companheiros de brincadeiras que a criança projeta mais facilmente a sua identidade, lima arestas, isto é readapta a sua conduta à medida dos conflitos, testando simultaneamente, e por fim, a sua capacidade de resolvê-los. Proporcionar encontros de amizade, os quais vão acontecer mais tarde com plena intensidade, é outra das vantagens desta integração natural. É fazer o caminho e adquirir traquejo, ensaiar as soluções que vão ajudar depois a solidificar as relações. Mas voltemos à infância, entremos no jogo onde se aprende os papéis de mãe e mulher (vaidosa) e trabalhadora – com o auxílio das bonecas, dos livros e dos estojos de pintura. Elas gostam de brincar – dois é bom e três, geralmente, já é de mais -, mas também é fácil entrarem em choque quando ambos tentam apoderar-se do mesmo objeto e esquecem literalmente qualquer outro por mais aliciante que seja. É natural, de facto, mas isso não significa que os adultos não devam levá-lo em conta, evitando que o comportamento se instale para o resto da vida. Uma criança com idade compreendida entre os 5 e os 6 anos já deve saber partilhar e ser cooperante, valores que lhe devem ser incutidos muito cedo com bons modelos. O grupo é o espaço onde se exercita a teoria apreendida, aquela que se leva na mochila arrumada em casa. Assim, tenha presente esta realidade e eduque-a no sentido da tolerância e generosidade, sendo a família um exemplo constante dessa generosidade. Oriente-a para que aprenda a encontrar soluções alternativas, dê-lhe pequenas luzes sobre o direito de propriedade, ensine-a a controlar os instintos e felicite-a sempre das boas ações, para criar incentivos a ser sempre melhor. Se tiver que restringir-lhe alguns privilégios adquiridos, não hesite! E explique-lhe porquê, desde que a criança já tenha alcançado a idade para esse entendimento. Texto: Inês Mendes É desejável que as famílias tenham critérios preventivos sobre o tipo de programas que os filhos podem assistirVeer / Bnpdesignstudio Tem alimentado muitas dissertações e teses, em boa verdade nem sempre concordantes. Pois se há teorias que defendem que a violência assistida pelas crianças torna-se facilmente suscetível de ser produzida, outras estão de acordo que pode ser uma espécie de exorcismo para a parte menos boa de cada um. No entanto, se estreitarmos o campo de análise ao universo das crianças mais pequenas, então temos e devemos ser bem mais rigorosos. Não existe qualquer dúvida de que até aos três anos de idade, elas confundem fantasia e realidade, mesmo que os adultos tentem explicar-lhes a diferença entre ambas (o crescimento inteletual assim como o físico faz-se por etapas). Por isso, e porque estão na fase de imitação por excelência do comportamento dos mais velhos, sem saberem ainda ajuizar se o mesmo é ou não construtivo, podem facilmente agregar condutas anti-sociais que lhe são oferecidas pelo pequeno ecrã. Inclusive através de programas infantis (e mais tarde juvenis) feitos a pensar neles, tais como alguns desenhos animados. Para não falar igualmente nos filmes a que têm acesso ou até mesmo à emissão de notícias sobre os acontecimentos do dia-a-dia que abrem os telejornais. A verdade é que as crianças de hoje, um pouco pelo mundo fora, passam horas de mais em frente do televisor - o qual, em alguns casos, funciona quase como principal agente socializador. A maioria delas não compreende o que está a ver mas também ainda é demasiado nova para ter apreendido a fazer qualquer tipo de filtragem. Resultado, os seus conteúdos e imagens são assimilados passivamente e, quando não imitadas como se disse atrás, no grupo dos mais velhos, os mais pequenos podem pelo menos ser atormentados mais tarde pelas imagens a que assistiram, confundindo-os. Um dos primeiros sinais significativos de que isso pode estar a acontecer é a dificuldade da criança em conciliar o sono, seguramente se a soubermos exposta demasiadas horas à caixinha que mudou o mundo e cuja tecnologia tanto tem aperfeiçoado. Mas atenção, não sejamos alarmistas! É preciso reconhecer que a televisão também ensina, que a criança pode com ela desenvolver e aprimorar o seu vocabulário, provavelmente de forma mais rápida. Por isso, o conselho só pode ser responsabilizar os pais inteiramente, cabendo-lhes cumprir um controlo o mais criterioso possível sobre o tempo que a criança deve passar em frente ao televisor, quais os programas que lhe são permitidos assistir e, sempre que possível, acompanhá-la nesse visionamento. Tudo isto de acordo com a sua idade. Por fim, é desejável que a estimule para o prazer de outros passatempos, proporcionando-lhes de igual forma as relações sociais, as trocas afetivas e a criatividade. Pensar a criança hoje é um grande desafio. Pais e educadores deparam-se com os pequenos cada vez mais ativos, exploradores e curiosos, fruto do meio de múltiplas influências e necessidades, no qual estamos integrados. É comum ouvir relatos que dizem: as crianças de hoje já não sabem brincar...Joaska/Stock.xchng Neste sentido, dizemos que as crianças sabem, e brincam, embora não seja da mesma forma e com as mesmas brincadeiras que fizemos enquanto crianças, ou as brincadeiras realizadas nos tempos dos nossos pais e avós. O ser humano é social, aprende e reproduz o que vivencia e a ludicidade faz parte da constituição humana, seja relacionada ao prazer e ao lazer, a qual se estrutura e vivencia de diferentes formas durante toda a vida. Brincar aprende-se. E quem ensina as crianças a brincar hoje? Os ambientes mudaram, muitas das crianças já não desfrutam os mesmos espaços (dos pátios das casas para a convivência em apartamentos e condomínios, redução da possibilidade de brincar na rua, espaços públicos, etc.) e nem as mesmas vivências, pois convivem com menos irmãos (ou nenhum), menos primos, e estão experimentando cada vez mais cedo a inserção das tecnologias (TV, computadores, internet, jogos, telemóveis) e é com estes aparatos tecnológicos que muitas das crianças hoje aprendem a brincar. É preciso também compreender que esta criança está muito mais cedo inserida no ambiente escolar, que não pode ignorar as suas especificidades, que vivencia diferentes formas lúdicas, aprendidas em diferentes contextos, que pode variar desde a bola e a boneca, ao tablet. Assim, este ambiente escolar deve estar organizado de forma a que a criança possa brincar, explorar seu corpo em movimento, aprender e comunicar-se a partir de sua prática corporal, pois a criança pequena relaciona-se com o mundo agindo sobre ele, explorando e experimentando, e desta ação organiza seu pensamento. A exploração do corpo e do movimento é a primeira forma de linguagem e de brincar da criança, e precisa ser aproveitado na escola para a estruturação de uma aprendizagem efetiva, prazenteira e articulada às capacidades infantis. As pesquisas que realizamos em ambientes de Educação Infantil mostram-nos que o ensinar à criança pequena a brincar se constitui em um dos grandes eixos neste nível de ensino, e observamos que o entendimento dos professores quanto a ludicidade precisa compor elemento de estudo e reflexão nos cursos de formação e no âmbito da prática pedagógica. Se o brincar é aprendido, a escola assume assim grande responsabilidade quanto as interações, tanto ao brincar pela exploração dos diferentes ambientes, quanto as situações de brincar propiciadas pelos educadores, sejam elas livres ou dirigidas, com ou sem brinquedos, com cantigas, jogos, imitações, histórias ou exploração de aparatos tecnológicos. A disponibilidade de brincar do educador é um fator importante para a efetivação do lúdico na prática pedagógica, e precisa estar articulada a formação teórica sólida quanto aos componentes do processo ensino aprendizagem, que perpassam a psicologia, por meio das teorias de desenvolvimento, aprendizagem; da sociologia, mediante o reconhecimento da criança e sua cultura; da biologia, relacionadas as estruturas físicas e da didática, que permita ao educador reunir estes e demais elementos relacionados ao ensinar e a criança para organizar um planejamento e efetivar uma prática educativa verdadeiramente articulada a ludicidade e a aprendizagem e vinculadas as especificidades da criança hoje, bem como com as experiências do educador quanto ao brincar, revivendo situações lúdicas já vivenciadas e se apropriando de novas formas de brincar. Compreendemos, assim, que uma prática pedagógica lúdica está relacionada a capacidade de exploração do brincar propostas pelos educadores, bem como as possibilidades estruturais propiciadas pela escola. O brincar, o corpo e o movimento devem integrar reflexões e práticas tanto na Educação Infantil quanto no Ensino Básico, pois a alfabetização, eixo central dos primeiros anos de escolarização está diretamente relacionada com a vivência corporal e as experiências com o brincar. É importante refletir sobre as práticas relacionadas ao brincar na escola, diante da necessidade de romper as amarras que se constituíram ao longo do tempo, na estruturação dos espaços escolares e das práticas pedagógicas, possibilitando a reflexão e a ação a partir do entendimento de que a criança brinca e aprende a partir de seu corpo, de que a imobilidade, as rotinas e a disciplina constituída não é algo natural, e que pode, e deve ser rompida, para que possamos superar paradigmas e pensar na educação da criança real, que explora, age, sente e pensa a partir de seu corpo. Existe uma forte conexão entre a educação da música e o desenvolvimento das habilitações que as crianças necessitam para se tornarem bem-sucedidas na vida Autodisciplina, coordenação, capacidade de memorização e de concentração são valorizadas e desenvolvidas com o estudo de música. Estas qualidades vão acompanhar as crianças em qualquer caminho que escolham para a sua vida. A aprendizagem da música pode ter uma grande influência na formação dos mais pequenos que é apenas secundada pelo amor dos pais. É também uma das formas de proporcionar uma fonte de alegria, bem-estar e realização pessoal. A aprendizagem de música para bebés e crianças é um excelente primeiro passo. A criança precisa de ser sensibilizada para o mundo dos sons, pois é pelo órgão da audição que ela possui o contacto com fenómenos sonoros e com o som. Quanto maior for a sensibilidade da criança para o som, mais ela descobrirá as suas qualidades. Desta forma é muito importante exercitá-la desde muito pequena, pois esse treino irá desenvolver a sua memória e atenção. A música é um importante fator na aprendizagem. Desde que nascem, os bebés já ouvem música, a qual muitas vezes é cantada pela mãe ao dormir, conhecida como ‘cantiga de embalar’. Quando bem trabalhada, a música desenvolve também o raciocínio, criatividade e outros dons e aptidões, por isso, deve aproveitar-se esta tão rica atividade educacional em casa e na escola. As experiências musicais, no início da infância, têm o poder de causar impacto em todas as áreas do desenvolvimento da criança. Para compreender a relação entre a música e o desenvolvimento físico, sócio-emocional e cognitivo da criança, é importante reconhecer que as experiências sensoriais são a base de todas as aprendizagens na infância. As crianças que aprendem a tocar um instrumento musical conquistam um veículo de expressão criativa, fomentando a desinibição necessária a uma vida salutar e feliz. Também se podem observar benefícios evidentes que vão ajudar essas crianças enquanto estudantes e depois enquanto membros ativos da sociedade. Através da educação musical todos as crianças irão tomar contacto com a disciplina de aprendizagem, obtenção de resultados decorrentes da prática e estudo, vão desenvolver capacidades de resolução de problemas, confrontam as suas capacidades de forma diária, potenciam a sua autoconfiança e responsabilidade. Aprender música tem um manancial de vantagens: - Treino da persistência. É um conceito que é complexo de demonstrar a uma criança pois com poucos anos de vida e perceção causal reduzida não se torna fácil que assimilem a ideia de trabalho continuado. Na música tudo é causa-efeito! De uma semana para outra observam-se resultados mediante a quantidade e a qualidade do estudo desenvolvido. - Desenvolver a capacidade de resolução de problemas e autoanálise que é vital para qualquer individuo tornar o seu potencial em real valor. Praticar música é sempre um processo de resolução de problemas e autoanálise derivado da ação de observar a sua performance, identificando os erros e raciocinando sobre soluções para os mesmos. - Acreditar nos resultados do estudo e trabalho é fundamental para qualquer pessoa com sucesso. A educação musical irá trazer um conceito vital: “Não há nenhuma passagem musical que não seja possível de fazer corretamente com trabalho, prática, estudo e paciência.” - A beleza da música é que alia uma grande necessidade de coordenação motora e destreza, com o lado científico da teoria musical, com a criatividade e a expressividade: na música o individuo utiliza as suas capacidades motoras, intelectuais e emocionais! - De outras vantagens podemos evidenciar a potenciação da capacidade de raciocínio e memória, entendimento cultural, confiança em si mesmo e numa equipa de trabalho, metodologia de estudo e interação social. “Todo o estudante deve ser instruído nas artes". Os programas de “música nas escolas” ajudam as nossas crianças e comunidades de forma real e substancial, com metodologias adequadas aos novos ritmos de aprendizagem e a novas metodologias de trabalho, além da diversão que é necessária criar em aula para se obter a maior taxa de retenção possível e um salutar ambiente em aula. Os benefícios da instrução musical podem ser agrupados em quatro categorias: Sucesso na sociedade! Sucesso na escola! Sucesso intelectual! Sucesso na vida! Os benefícios manifestos da instrução na música são motivos claros de que devemos dar um suporte significativo e em todos os níveis para o estudo sistemático desta arte. Todos os pais de alunos ou professores de música podem atestar o quanto o seu estudo ajudou ou ajuda as crianças, tornando-as melhores alunos em assuntos gerais. As habilidades desenvolvidas com esta disciplina são ainda transferidas para as outras áreas como: habilidade cognitiva, na comunicação, disciplina e organização. Uma outra coisa importante é que praticando o “tocar em grupo” com os colegas, as crianças aprendem a trabalhar no ambiente escolar. Ou seja, aprendem a trabalhar em equipa! O sucesso na escola e na sociedade depende de um conjunto de habilidades. Sem tentar resolver o intenso debate sobre a natureza da inteligência como uma habilidade básica, nós podemos visualizar que a intelectualidade de uma criança é desenvolvida e reforçada com a instrução musical. Está mais do que comprovado que o estudo da música torna as crianças mais “espertas”. O que é novo e especialmente interessante, entretanto, é a combinação dos estudos “exatos e clássicos” e “pioneiros e novos” no campo neurológico, que mostram como o estudo da música pode contribuir para o desenvolvimento do cérebro. Certamente que cada um de nós deseja para as nossas crianças o sucesso em todas as áreas da vida. Deseja que elas sejam saudáveis e bem-sucedidas. O estudo da música traz benefícios incontáveis aos indivíduos durante toda a vida, desde psicológicos, espirituais e físicos. A música incentiva a autodisciplina e a perseverança, traços que possuem todos aqueles que têm êxito nas suas vidas profissionais. Criar e executar música promove a autoexpressão e dá-nos um prazer muito grande, bem como aos outros. Na medicina, os relatórios publicados demonstram que a música tem um efeito “curador” nos pacientes. Por todas estas razões, podemos dizer que a instrução da música merece uma sustentação forte no nosso sistema educacional, em conjunto com as outras artes, ciências e os desportos. A música tem a capacidade de aproximar as pessoas, povos e línguas. Leonard Bernstein, famoso compositor e maestro, diz que a música é “enriquecedora e enobrece o homem”. Texto elaborado e compilado por: Pedro Duarte, professor e diretor geral da Escola de Música do Monte Abraão, Yamaha Music School Foto: David Castillo Dominici | FreeDigitalPhotos.net Os últimos anos foram inundados com teorias que foram provocando nos pais um medo terrível de traumatizar os filhos ao "proibir" ou dizer "não". Quase parece que tudo tem que ser permitido, tudo tem que ser dado às crianças para que sejam felizes e para que os pais sintam menos culpa pela falta de tempo, por exemplo. Contudo, sabemos hoje que o "não" comporta uma importância extrema no desenvolvimento saudável de uma criança, ajudando-a a perceber que nem tudo é possível e que a vida é assim, cheia de nãos pela frente! É desta forma que se aprende a lidar com as frustrações e com as impossibilidades, o que nos tornará mais resilientes e capazes. Caso contrário, crescemos a pensar que tudo nos é permitido e perante um "não" tendemos a utilizar estratégias menos adequadas... Por difícil que seja, os pais têm de compreender que dizer "não" aos filhos, mais do que importante, é necessário! Quando a comunicação entre pais e filhos é baseada no afeto, o "não" é aceite e compreendido pela criança, permitindo-lhe, então, crescer, amadurecer e desenvolver o seu sentido crítico. Lembrem-se: por detrás de cada "não" durante os anos de formação, há milhões de "sim" no futuro da vida da criança! Por Alexandra Sofia Babo e Andreia Cabral (Pais que Sabem Mais) Pelas mais diversas razões, com as dificuldades financeiras no topo da lista, as últimas décadas têm-se pautado pelo decréscimo da fecundidade – situando-se atualmente na média de 1,37 filhos por mulher em idade fértil. Redvisualg/Stock.xchng Há quem rotule os filhos únicos de mimados, caprichosos, egoístas, autoritários, egocêntricos, instáveis, emotivos e rebeldes mas também são muitos os especialistas que saltam em sua defesa. O psicólogo Marcelino Mota é um deles: “Ser filho único não envolve nenhuma profecia desagradável e, embora existam estudos algo contraditórios, sugere-se, hoje em dia, que, mercê das grandes modificações sociais e de comunicação que se têm vindo a observar desde os anos sessenta do século passado, o padrão comportamental e afetivo destas crianças se tem vindo a aproximar daquelas que pertencem a fratrias alargadas”. Nos dias que correm, mais do que nunca, um dos maiores desafios que os pais têm pela frente é educar um filho, qualquer que seja a etapa do seu crescimento. Quando a criança não tem irmãos, esta função pode parecer mais exigente ainda, mas não necessariamente. Há apenas alguns pontos que requerem maior atenção. A saber: - Não superproteger a criança, de modo a não criar laços obsessivos ou de excessiva dependência. - Dar-lhe espaço para que se desenvolva de forma saudável. - O contacto com outras crianças e com outros adultos para além dos pais deve ser fomentado. - O valor da partilha e da solidariedade deve ser incentivado. - A educação não tem de ser mais rígida nem mais condescendente do que aquela que teria se tivesse outros irmãos. - Para além disto, é igualmente importante que os pais tenham o seu próprio espaço, quer para o seu desenvolvimento individual quer enquanto casal. A partir daí, tudo funcionará melhor. Nada de transcendente, pois não? Alguns pais ajudaram-nos também a compreender melhor a tarefa de educar um filho único. A Mariana tem seis anos, irmãos ainda não há e por isso é a princezinha da casa. Sobre si recaem todos os mimos do mundo, quer dos pais, quer dos avós. É realmente uma menina sensível, que não gosta muito de partilhar as suas coisas quando se encontra em casa, embora na escola esse problema não se coloque. “Ela gosta de estar com amigos e até fica diferente. Sendo o centro da nossa atenção, isso torna-a um pouco mais mimada. Mas nada que não se ultrapasse, até porque fomentamos muito o contacto com outras crianças da idade dela. É raro o dia em que quando a vou buscar à escola não traga uma amiga para ficarem a brincar até à hora do jantar. Além disso, incentivamo-la muito a partilhar”, conta a mãe, Cristina, 33 anos. De tal forma que a menina, além de pedir todos os dias um irmão guarda religiosamente a sua roupa e brinquedos para quando isso acontecer. Mimos a mais não impedem uma boa educação. Estes são apenas alguns dos valores que esta mãe procura incutir na filha. Além disso, desde cedo que “procuro estabelecer limites, digo não quando é preciso, resisto à tentação de lhe comprar coisas em demasia e que tento levá-la a perceber que não é centro do universo”, acrescenta. É na verdade fundamental para o normal desenvolvimento da criança que os pais não centralizem todas as suas atenções no filho e que pensem também em si próprios. Cláudia Morais, terapeuta familiar, vai mais longe: “Não raras vezes confronto-me com casais que vivem praticamente toda a infância dos filhos centrados no seu papel de pais (em detrimento do papel conjugal e até individual). Este tipo de atitude pode condicionar a educação da criança, na medida em que esta se torna demasiado dependente dos progenitores. No entanto, não concordo com a ideia de que os filhos únicos (com pais separados ou não) sejam automaticamente mais sensíveis ou caprichosos. A chegada de um irmão implica que os pais sejam forçados a ensinar ao filho mais velho a importância da partilha e outros valores. Mas mesmo que um casal decida ter apenas um filho, é possível transmitir esse mesmo tipo de valores. Infelizmente conheço alguns casos de crianças que foram educadas no seio de famílias com dois ou três filhos e que não conhecem sequer o valor da partilha”. A Constança tem 12 anos e vive só com a mãe, Patrícia, de 41 anos. Do pai não tem referências, pois não há qualquer tipo de contacto. Apesar deste revés, que a obrigou a tornar-se madura mais cedo, e desta relação ‘fechada’ e centrada na figura da mãe, isso parece não se refletir negativamente na sua personalidade. Orgulhosa, Patrícia revela: “É uma miúda fantástica, decidida, com objetivos muito definidos e muito compreensiva. Nunca fez birras nem impôs a sua vontade. É verdade que é muito absorvente em termos de atenção e mimos mas isso não a transformou numa menina mimada nem caprichosa. Antes pelo contrário, nunca teve problemas em dividir as suas coisas com outros meninos, embora seja muito ciosa do seu espaço, e está sempre pronta a ajudar”. Tempos houve em que Constança pedia um irmão, até porque foi sempre muito maternal com os miúdos mais novos. Mas nunca viu esse seu desejo realizado dada a situação da mãe que, traumatizada com a forma como a separação decorreu, não voltou a refazer a sua vida. Esta é uma situação muito comum. “Em Portugal, depois de um divórcio, os filhos ficam normalmente a cargo da mãe, o que pode implicar uma mudança de atitude quanto à hipótese de ter mais filhos numa relação posterior. Este tipo de comportamento baseia-se principalmente na desilusão associada à queda do projecto familiar. Muitas mulheres evitam ter mais filhos receando que as crianças possam passar pelo mesmo a que o filho mais velho esteve exposto”, explica Cláudia Morais. Não é fácil ser pai e mãe ao mesmo tempo, mas Patrícia enfrentou o seu destino com obstinação e foi bem sucedida. Sem precisar de tirar coelhos da cartola. “Só usei o bom senso. É preciso estar-se sempre disponível para ouvir, para falar, há que ralhar quando é necessário e, sobretudo, ter todos os sentidos alerta. Sou rígida no sentido de a responsabilizar, de lhe incutir respeito – quer por ela própria e pelas suas coisas, quer por mim, pelo meu espaço e individualidade – mas também lhe dou muito carinho”. No seu caso de mãe divorciada e sem apoio do ex-marido seria fácil cair no erro de superproteger a filha mas, mais uma vez, soube agir corretamente: “É verdade que me preocupo muito. Quem não se preocupa nos dias de hoje, com tudo o que vemos e ouvimos à nossa volta? Mas também sei que tenho de ser condescendente, de lhe dar asas. Nunca lhe impus nada, contudo, não deixo de lhe explicar o que acho ser melhor para ela e porquê, dando-lhe exemplos práticos das realidades da vida”, revela. Já a história do Nuno, de 11 anos, é aquilo a que se pode chamar de um ‘caso genético’: os pais e uma das avós são, também eles, filhos únicos. Paula, 41 anos, e Rui, de 44, vivem e sempre viveram numa aldeia. De certo modo isolados, portanto. Mas ao contrário do que se possa pensar, nunca sentiram desejo de ter irmãos, pois ambos tinham muitos amigos e a convivência era grande entre todos. Desde muito cedo. O mesmo não se passa muitas vezes nas grandes cidades, em que as pessoas vivem fechadas em suas casas, o que dificulta o convívio fora de portas. Apesar de os tempos serem outros, mesmo nas aldeias, o Nuno ainda brinca muito com os vizinhos e, claro, durante o tempo que está na escola. Tal como os pais, também ele nunca pediu para ter irmãos, pois não sente necessidade. Mesmo assim, para minimizar a situação, os pais fazem tudo “para que se integre, participe e faça amigos. É que ele raramente toma a iniciativa, pois é muito tímido. Além disso, em casa e enquanto família, brincamos muito. Parecemos todos irmãos”. Paula e Rui optaram por não ter mais filhos. Estavam bem assim. E estão. O jovem é comunicativo, brincalhão, enfim uma criança feliz. Traços menos positivos da sua personalidade: gosta de contrariar, de ter a última palavra, de ser o líder da família. Será por ser filho único? Nada de rótulos nem estigmas. Afinal, mesmo com irmãos, quem não tem algum mau feitio? Esta mãe não tem receitas para educar o filho porque tudo depende das situações e das circunstâncias. Mas uma coisa é certa “temos de nos munir de muita paciência e procurar incutir-lhe disciplina e boa educação quer para com ele, quer para com os outros. E mesmo que não o queiramos, por vezes temos de ser rígidos”, explica. À laia de conclusão, Marcelino Mota dá-nos um mote: “quando bem acompanhado familiar e socialmente, para além, como já se disse, de não ser nenhuma adversidade, o facto de se ser filho único também tem as suas vantagens”. FreeDigitalPhotos.net Superprotector/a, eu? Principalmente quando se tem apenas um filho, há tendência para os pais o protegerem em demasia e quase nunca o admitem. Nada mais errado. Saiba o que fazer para evitar a superproteção. Marcelino Mota dá-lhe uma ajuda: - Use e abuse do bom senso. - Tenha a noção do quanto essa atitude ansiosa é prejudicial não só para o seu filho como também para a relação familiar. - Dê-lhe liberdade (controlada) para agir e transmita-lhe o sentido da responsabilidade e da independência. Deixe o seu filho “voar”. - Pais controladores, que estão sempre “em cima”, têm tendência para mais tarde vir a “cobrar” essa preocupação excessiva, querendo que os seus filhos ajam da mesma maneira, o que não é saudável. - Se a ansiedade for demasiada, tente autocontrolar-se, recorrendo a livros, a pessoas com experiência e até a especialistas que o ajudem. Opção filho único: as principais razões Segundo a socióloga Vanessa Cunha são vários os motivos que levam as mulheres – e os casais - a não optarem pela vinda de um segundo filho. - Constrangimentos materiais, nomeadamente dificuldades económicas para ter uma casa maior, para a educação, etc. Tendo em conta o custo demasiado elevado da educação, a instabilidade laboral e a falta de apoios sociais, principalmente nos tempos de crise que se atravessam a que se junta o desemprego, uma segunda maternidade fica posta fora de questão.- Falta de disponibilidade pessoal. Por exemplo, dificuldades em conciliar o universo familiar com o profissional, falta de tempo, de paciência, de suporta familiar, entre outras razões. - Idade avançada. A carreira e a espera por melhores condições financeiras remete a maternidade para idades cada vez mais tardias. Resultado, o ‘relógio biológico’ impede a vinda de outro bebé. - Problemas de saúde da mãe, que impossibilitam uma nova gravidez. - Satisfação com a descendência. São muitos os casais que não desejam ter mais filhos. - Problemas com os filhos ou com o cônjuge. Questões de saúde ou de mau relacionamento condicionam o aumento da descendência. Prós e contras Embora, como já referimos, não haja propriamente comportamentos ou traços da personalidades exclusivos dos filhos únicos, na opinião de Marcelino Mota, talvez continuem a ser válidos alguns dados que podem tornar-se em desvantagens. Mas também há vantagens. Prós - A atenção, dedicação e os vários apoios (dos emocionais aos financeiros) recebidos dos pais, avós, outros familiares, etc. tendem a ser maiores. - Probabilidade, pelo menos estatisticamente, de manifestar um maior desenvolvimento intelectual e cultural para a sua idade, em comparação com aqueles que têm irmãos. Contras - Observação de maiores dificuldades de adaptação e integração social, com dificuldades de relacionamento no mesmo nível etário. - Maior instabilidade emocional, com timidez, solidão e comportamento caprichoso. - Maior dificuldade de partilha. - Existência frequente de laços obsessivos e de excessiva dependência dos pais que, mais tarde e em alguns casos, se transformam em rebeldia e ruptura com a família, por exemplo. Truques para o educar Mais importante do que as palavras, são as ações que marcam a diferença. Bastam por vezes pequenas coisas. Tome nota destes conselhos: - Mostre-lhe que nem tudo é só dele, incutindo-lhe valores, como o da partilha. Misture-o com primos, vizinhos, colegas de escola mas dentro do ambiente da própria casa, nomeadamente do seu quarto, para fomentar o espírito de partilha, ajudar a gerir o sentimento de frustração que a criança possa sentir por não ter normalmente outras crianças em casa e, logo, evitar o isolamento e a solidão. - Quando for altura de se libertar dos primeiros brinquedos não os deite fora. Faça uma seleção em conjunto com o seu filho para dar às crianças necessitadas e vão ambos levá-los a uma instituição de caridade. Uma forma de espevitar o espírito da solidariedade desde muito cedo. - Se ele gosta de desporto, deve optar-se pelos desportos em equipa, como o futebol ou o basquetebol, por exemplo, e evitar os individuais. De igual modo, inscreva-o num grupo de escoteiros, ou outro que exija atividades em conjunto. - Lembre-se de que ele precisa de autonomia: deixe-o dormir em casa de amigos ou colegas, por exemplo. - Dê-lhe um animal de estimação, do qual possa ajudar a cuidar. Será não só uma companhia como também lhe aguçará o sentido da responsabilidade. - Evite que o seu filho seja o “depósito" das suas expetativas. Isso poderá torná-lo ansioso e fazê-lo sentir-se frustrado se não conseguir atingir os objetivos traçados pelos pais. Ajude-o a tomar as suas decisões em algumas coisas e deixe-o decidir por si noutras. Annalog85/Stock.Xchng Indústria e anunciantes cumprem compromissos e evitam produtos menos recomendáveis quando há mais crianças em frente ao televisor Mais vulneráveis, as crianças são influenciadas pela publicidade e as empresas sabem-no. Há vários anos que defendemos a adoção de medidas para limitar a publicidade a alimentos pouco interessantes do ponto de vista nutricional, por contribuírem para a obesidade infantil. Num estudo à publicidade emitida em horário de programação para crianças, publicado em fevereiro de 2005, verificámos que a maioria dos anúncios destacava alimentos ricos em açúcar, sal e gordura: pouco saudáveis para os menores. Na altura pedimos a criação de um código de boas práticas para a publicidade alimentar dirigida aos mais novos. Entretanto, devido a uma maior preocupação com a alimentação infantil, a indústria alimentar e os anunciantes adotaram outros comportamentos face aos alimentos e bebidas para crianças, mas também à publicidade. No final de 2011, foram analisados 615 anúncios que passaram nos canais generalistas e infantis e concluiu-se que a atitude mudou: há menos publicidade a bolachas, bolos e cereais e mais anúncios a laticínios. Crianças mais protegidas No final de 2009, quase 30 empresas nacionais da indústria alimentar, através da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares, e com a Associação Portuguesa de Anunciantes, adotaram um conjunto de compromissos voluntários sobre alimentação, atividade física e saúde. Também assumidos ao nível europeu, estes englobam a reformulação nutricional dos alimentos, para reduzir a quantidade de sal, açúcar e gorduras saturadas, bem como a disponibilização da informação aos consumidores, para ajudar a escolher. As empresas comprometem-se ainda a evitar a publicidade a certos alimentos e bebidas nos períodos em que mais de 50% da audiência é constituída por crianças com menos de 12 anos. Em 2010, foi também com agrado que a Deco-Proteste recebeu a entrada em vigor do código de conduta do Instituto Civil da Autodisciplina da Comunicação Comercial. Este, mais centrado no formato dos anúncios, adota o mesmo princípio quanto à publicidade a alimentos menos saudáveis na programação infantil. Mas também recomenda que não sejam usadas mensagens publicitárias que convidem ao sedentarismo. Nas imagens com crianças, convém ainda que estas apresentem um peso considerado normal. Evita-se assim mostrar menores com excesso ou pouco peso, para não associar características físicas a uma alimentação menos apropriada. Leite e iogurtes no topo Dos 615 anúncios a alimentos que analisados, a maioria passou na TVI (240), seguida de muito perto pela SIC (236). Na RTP 1 só surgiram 64. Dos canais infantis, o Nickelodeon foi o único onde não foram detetados anúncios a produtos alimentares. Quanto aos alimentos publicitados, 34% eram laticínios, sobretudo, leite e iogurtes. A marca mais anunciada foi a Danone, mas Yoplait, Matinal, Vigor e Mimosa também estiveram presentes. Os bolos e bolachas, a categoria com mais anúncios no estudo de 2005, ocupa agora 18% do espaço dedicado à publicidade. Bollycao e Kinder foram as marcas que mais investiram. O fast food também marcou presença, pelas mãos da McDonald’s e Burger King. As duas últimas categorias representam aquelas que as crianças menos devem consumir, devido ao teor em gorduras, sal e açúcares. Desde janeiro que a McDonald’s subscreveu o compromisso europeu que pretende melhorar a publicidade dirigida a menores de 12 anos através da televisão, imprensa e Internet. Veremos se a sua publicidade reflete esta vontade. Consumidores exigem Foi detetada uma melhoria na publicidade a produtos alimentares dirigidos a crianças. Contudo, de adesão voluntária, os compromissos da indústria alimentar e o código de conduta dos anunciantes são importantes, mas não chegam. É preciso atuar ao nível dos alimentos. Para tal, o Ministério da Saúde deve definir critérios nutricionais mais exigentes que definam o perfil dos produtos que podem ser publicitados junto das crianças. A indústria deve continuar os seus esforços e estender os compromissos adotados a todos os suportes de comunicação usados para publicitar os seus produtos. São exemplos o cinema e as próprias embalagens. Também o consumidor deve adotar uma atitude crítica face à publicidade. A leitura atenta dos rótulos e uma escolha cuidadosa dos alimentos são essenciais. Notas. Neste estudo estiveram sete canais em exame, tendo sido analisada a quantidade e a qualidade dos anúncios televisivos a produtos alimentares, bebidas e restauração dirigidos a crianças. Para tal, entre 17 e 23 de outubro de 2011, foi gravada a publicidade emitida nos 3 canais generalistas (RTP 1, SIC e TVI) e em 4 canais infantis da televisão paga: Panda, Panda Biggs, Disney Channel e Nickelodeon. Numa semana,foram registados 615 anúncios a alimentos. Nos canais generalistas, analisou-se com maior pormenor os períodos destinados à programação infantil. Os restantes canais exibem apenas programas para crianças. No total, a Deco-Proteste investigou a publicidade a 35 produtos diferentes de 24 marcas. Fonte: Proteste 334 (abril 2012) – www.deco.proteste.pt
O dinheiro não cai do céu, nem nasce das árvores. Mais do que nunca, saber gastar e poupar é uma virtude e uma aprendizagem que deve começar o mais cedo possível. Por Palmira Simões FreeDigitalPhotos.net O multibanco e os cartões vieram de certo modo “depreciar” o valor do dinheiro, pois não o vemos sair da carteira. Perde-se com facilidade a noção de quanto se gasta, de quanto se tem. Há muito que as pessoas deixaram de lidar verdadeiramente com notas e moedas, à exceção de pequenas quantias para compras correntes. Este facto, e por falta de exemplos explícitos, leva a que muitas crianças só tardiamente se apercebam de onde vem o dinheiro, para que serve e quanto vale. Em tempos de crise as dificuldades económicas aumentam e as famílias tendem a escondê-las dos mais pequenos, atitude esta a evitar. É-lhes devida uma explicação/orientação pedagógica, de acordo com a sua faixa etária, ou seja, há que educá-los. Pacientemente e sem dramas. Eles também fazem parte da vida familiar e têm de perceber que nem tudo é um mar de rosas. Ao prepará-los desde cedo para enfrentar contrariedades estamos a ajudá-los a defrontar-se melhor com as vicissitudes do futuro. Cerca dos dois/três anos, ou logo a partir do momento em que começam a pedir coisas, é possível incutir-lhes as primeiras noções, a mostrar-lhes o dinheiro (primeiro as moedas, depois as notas), a falar-lhes do seu valor e porque deve ser guardado, da diferença entre o desejar-se muito algo e o poder ou não comprá-lo... Não se esqueça que o (bom) exemplo dos adultos e a coerência dos esclarecimentos é meio caminho andado para facilitar a tarefa e para o êxito da mesma. Por volta dos cinco anos, explique de onde vem o dinheiro, uma vez que consiste uma das razões pelas quais os pais trabalham, bem como o que é um banco (fazendo comparações com um mealheiro) e como vai o dinheiro lá parar, o que são as contas-poupança, os cartões e como funcionam. Incentive igualmente a criança a realizar pequenas tarefas remuneradas, ou seja, em troca de uma semanada ou apenas de uma moeda, mesmo de pequeno valor, para depositar no “porquinho”. Caro ou barato? É preciso ou não faz falta? São conceitos opostos mas que fazem toda a diferença e devem ser explanados às crianças de forma simples, de preferência fazendo comparações entre este ou aquele produto e respetivos preços. Se elas são daquelas “pedinchonas” que querem tudo o que veem tem de ser firme e não ceder aos seus caprichos. Mas não sem lhes dar uma explicação, levando-as a entender que só podem comprar uma coisa de cada vez (pelo que terão de escolher e decidir), e que por vezes nem podem comprar nada que não seja absolutamente necessário. Justifique o que é um orçamento disponível (dividido por várias parcelas de necessidades) e como pode ser gerido (normalmente por meio de escolhas e decisões). É conveniente estabelecerem estas regras antes de saírem de casa e elaborarem em conjunto a lista de compras, isto é, verem o que faz mesmo falta na despensa. Nesta lista, que deve ser respeitada, inclua, por exemplo, os seus cereais preferidos, para que sintam que aquilo de que gostam também faz parte do rol de prioridades. Segundo a ASFAC – Associação de Instituições de Crédito Especializado, a partir dos cinco anos, e se o seu orçamento familiar o permitir, a criança já pode ter uma semanada, de modo a aprender a tomar decisões sobre as suas escolhas, por exemplo, entre um caderno para pintar ou um chupa-chupa. A partir dos 10 anos, a semanada poderá ser trocada por uma mesada. E não desanime se o seu filho chegar ao fim do mês sem dinheiro. Procurem averiguar como foi gasto, que erros foram cometidos e aprender com eles, mas sem nunca reforçar o capital. Há que valorizar uma boa gestão do mesmo. Use a semanada ou mesada como um instrumento de amadurecimento financeiro da criança e não como uma fonte de conflitos. Resista à tentação de lhe dar presentes a todo o momento, estipulando as ocasiões que considera mais propícias para o efeito. Por último, nunca estabeleça uma relação entre o desempenho nos estudos e o ganho de dinheiro. Os bons resultados escolares devem ser um objetivo em si mesmo. |
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